INVESTIGAÇÃO

CPI do MST: José Rainha não indica quem financia invasões de terras

Questionado por parlamentares sobre quem paga ou mantém a Frente Nacional de Lutas, liderada por ele, disse que movimento vive de “doações e solidariedade”

Nesta quinta-feira (3), o líder da Frente Nacional de Lutas (FNL), José Rainha Júnior, foi ouvido na condição de testemunha na CPI do MST.

O pedido de convocação partiu de requerimentos apresentados pelos deputados e membros da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Kim Kataguiri (União-SP), Rodolfo Nogueira (PL-MS) e Evair Vieira de Melo (PP-ES).

O depoimento do líder da FNL ocorreu após o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), ter determinado, nesta terça-feira (2), que o testemunho fosse mantido.

Questionado pelos parlamentares sobre quem paga ou mantém a Frente, disse que a FNL vive de doações e solidariedade, e não tem um caixa que registre o movimento.

O relator da Comissão, deputado Ricardo Salles (PL-SP), perguntou ao depoente sobre sua atividade remunerada, em resposta José Rainha disse que “não possui renda oficial e nem declara Imposto de Renda”.

Visita ao ministro

No início de março deste ano, José Rainha foi preso em uma operação da Polícia Civil de São Paulo, no Pontal do Paranapanema, ao ser acusado de extorquir proprietários rurais.

Em relação às acusações, o líder da FNL disse ter sido absolvido: “não sou criminoso”.

Perguntado se teria se encontrado com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, o líder da FNL confirmou, e disse que foi ao gabinete dele para tratar de “questões pontuais”, sobre assuntos ministeriais e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Diante da afirmação, o deputado Rodolfo Nogueira (PL-MS) apresentou um requerimento direcionado à pasta para que seja informado o dia da visita ao gabinete do ministro e qual foi a pauta debatida.

Fora do MST

Rainha disse ainda que participou do MST até 2003 e que, em seguida, saiu para fundar a FNL, mas ele não quis detalhar o motivo do afastamento.

“Todos os movimentos têm suas divergências, e a que tive com o MST eu prefiro dizer que levarei para o cemitério”.

O presidente da CPI, o deputado Zucco (Republicanos-RS), reforçou o propósito da CPI do MST.

“Nós vamos atrás, não só dos financiadores, mas na identificação de crimes que estão sendo cometidos. E temos o compromisso com a criação de Projetos de Lei que tragam mais segurança jurídica e paz no campo”

Próximos depoimentos na CPI do MST

Na última quarta-feira (26), o colegiado da CPI das Invasões de Terra aprovou a convocação do ministro da Casa Civil, Rui Costa, com a justificativa de que durante seu mandato como governador da Bahia, Rui Costa não teria feito esforços para impedir atos de invasões de terra.

Há expectativa também da Comissão ouvir, como convidado, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, no próximo dia 10. Ele confirmou participação.