A maior oferta de recursos pelo Banco do Brasil (BB) neste novo ano safra 2015/2016, iniciado em 1 de julho, surpreendeu o setor produtivo, que esperava retração por causa do ajuste fiscal, mas o volume cresceu menos do que a despesa para produzir.
De acordo com o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), os produtores de soja do Estado gastaram, em média, 31,3 sacas por hectare para a compra de insumos no mês de junho de 2014. Já no mês passado essa mesma relação ficou 3,7 sacas/hectare mais cara.
O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Alysson Paolinelli, disse que os custos devem aumentar mais este ano por causa da valorização do dólar.
O coordenador da Comissão de Política Agrícola da Aprosoja-MT, Adolfo Petry, acrescentou que mais importante que a oferta de crédito é facilitar o acesso a ele.
– O atraso na liberação dos custeios na safra 2014/15 aumentou os custos do produtor no Estado em mais de R$ 1 bilhão – afirmou.
Segundo ele, o aumento das taxas de juro vai pesar sobretudo para o produtor de milho.
– Embora as altas em Chicago (Bolsa) tenham permitido uma melhora (dos preços) nos últimos dias, o cenário ainda exige muita atenção do agricultor. Ele não deve assumir grandes riscos, pois ficar exposto ao risco cambial pode amargar prejuízo – disse Petry.
Paolinelli destaca a situação de alguns produtores que não poderão acessar as linhas de crédito do BB.
– Há muito produtor endividado no Centro-Sul, por causa dos três últimos anos em que o clima prejudicou as lavouras – disse.
No Paraná, a preocupação deve ser a de buscar o quanto antes o financiamento, diz o analista técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), Robson Mafioletti. Ele recomenda que os produtores busquem logo os recursos a juros controlados (2,5% a 8,75% ao ano,).
– Imagino que o produtor, de forma geral, vai agilizar os custeios. Quem chegar antes vai ter juro controlado. Se acabar o volume, pode ficar com juro mais alto – disse Mafioletti.
Segundo ele, a preparação para a nova safra no Estado não foi tão prejudicada porque outros agentes, como a Cooperativa Mista Agropecuária de Campo Mourão (Coamo), por meio da Credicoamo, fizeram financiamento do pré-custeio. Agora as compras de insumos devem acelerar.
– Se tiver recurso disponível, produtor vai financiar – disse.
O BB oferta no Paraná R$ 9,5 bilhões, 20,9% mais que no ciclo passado.
Para todo o país, o Banco do Brasil disponibilizou R$ 110,5 bilhões, dos quais R$ 29 bilhões com juros livres e R$ 81,5 bilhões, controlados. A instituição informou que R$ 20 bilhões serão destinados para as empresas da cadeia produtiva do agronegócio. Do crédito rural disponível no BB, R$ 90,5 bilhões serão para produtores e cooperativas – R$ 23,6 bilhões para investimento e R$ 66,9 bilhões para custeio. O montante total corresponde a um aumento de 23% na comparação com safra anterior 2014/2015.