O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, André Nassar, afirmou nesta segunda, dia 26, em evento em São Paulo que as reclamações a respeito dos recursos do Plano Safra 2015/2016 “caíram muito”, o que é um sinal de que os valores estão sendo liberados pelas instituições financeiras.
Nassar também pontuou que dados preliminares dos três primeiros meses do novo plano (julho a setembro) indicam que o perfil dos produtores que captaram o crédito mudou. Segundo o secretário, há um volume maior de recursos destinado à agricultura, enquanto a pecuária reduziu sua participação.
– Diminuiu o número de contratos e aumentou o valor deles, o que é um sinal de maior seletividade dos bancos. Eles estão operando dessa forma este ano – afirmou Nassar.
Diante do contexto de aperto monetário no Brasil, instituições financeiras estão exigindo mais demandas aos interessados em captar recursos, com o objetivo de melhorar o perfil de suas carteiras e evitar a inadimplência.
Nassar também se defendeu de críticas feitas ao Plano Safra durante o evento. Outros participantes haviam dito que o programa não contemplava as especificidades de todas as safras no País, focando em um cronograma baseado nas maiores culturas.
– Há vários aprimoramentos que precisamos fazer, mas a dinâmica com a agricultura já corre bem – disse.
O secretário também indicou que a maior das reivindicações dos produtores nacionais é mais crédito, mas afirmou que o crédito rural “não deve crescer mais que a produção”, caso contrário medidas de captação no setor privado, como os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs), seriam prejudicadas.
Lei Plurianual Agrícola
André Nassar afirmou que o projeto da Lei Plurianual Agrícola (LPA) está em andamento e que a pasta tem “muita clareza” sobre que direção seguir para a legislação proposta. Em palestra no Exame Fórum Agronegócio, em São Paulo, Nassar disse que a LPA será “muito mais orientada para reduzir riscos por meio de diversos instrumentos, que vão atender a diferentes regiões do Brasil”.
A proposta do Ministério é apresentar os instrumentos adequados às especificidades de regiões produtoras do Brasil.
– Há regiões em que o seguro não é tão importante, por exemplo, mas a garantia de preços mínimos é – exemplifica.
Segundo ele, a proposta é “empacotar” soluções do tipo em um horizonte orçamentário entre quatro e cinco anos.
– Isso dará muita segurança do lado da política agrícola. Critica-se a oferta de crédito, mas o lado que precisa melhorar principalmente é a gestão de risco, para mitigar riscos de mercado ao produtor – justifica.
Parceria Transpacífica
O secretário de Política Agrícola afirmou que a pasta ainda não fez uma avaliação que quantifique impactos da Parceria Transpacífica (TPP, na sigla em inglês) para o Brasil.
– Mas não conseguimos negar que há questões de desvio de comércio (em potencial). É um motivo de preocupação no Ministério – afirmou.
Nassar disse que o País não pode “em hipótese alguma” perder inserção nas cadeias globais de comércio, mas que não espera efeitos negativos de curto prazo vindos da TPP.
– Não vou dizer que o desvio no comércio vai começar amanhã, mas precisamos nos mexer – completou.