Agronegócio

"Déficit de armazéns obriga à venda desfavorável", analisa Benedito Rosa

"O Plano Safra reservou R$ 1 bilhão para o BNDES financiar armazéns e incluiu os cerealistas. Se os recursos já eram insuficientes, houve logo um blackout", aponta o especialista

Benedito Rosa comenta a suspensão nos pedidos de financiamento do programa para a construção e ampliação de armazéns.

“A segurança alimentar e a estabilidade do mercado requerem capacidade de armazenagem. Aqui no Brasil, é de 176 milhões de toneladas. Só a safra de grãos tem 294 milhões de toneladas, estamos caminhando para 300 milhões de toneladas. Num cenário como esse, com déficit de armazenagem, além da expansão de área, sobretudo no meio-norte do Brasil, onde não há armazéns, cria-se uma ansiedade entre os agricultores porque eles são obrigados a vender rapidamente após a colheita — em condições menos favoráveis do que se pudessem planejar a sua venda. Por outro lado, os cerealistas também precisam armazenar“, comenta Rosa.

“O Plano Safra reservou, nesse ano, R$ 1 bilhão para o BNDES fazer os financiamentos tradicionais, e a partir do ano passado incluiu-se aí o segmento dos cerealistas. Ora, se os recursos já eram insuficientes, ao incluírem os cerealistas houve logo esse (risos) blackout — um mês após iniciar o Plano Safra. Os recursos alcançam R$ 4,2 bilhões, sendo que os outros R$ 3,2 bilhões não estão suspensos. Um mês após lançarem o Plano Safra, os recursos já estão comprometidos — esta foi a palavra que o BNDES usou. Quais são as consequências disso? Aumento no custo financeiro para armazenar produto agrícola no Brasil, já que no mercado a taxa de juros é de 10% a 12%, em face aos 7% do BNDES. Ou seja, o déficit histórico persiste e nós vamos precisar ter um planejamento financeiro para um avanço gradual”, conclui o especialista.