O deputado federal Jerônimo Goergen (Progressistas), coordenador da Comissão de Endividamento Rural, disse nesta terça-feira, dia 16, que o setor produtivo vai lutar para conseguir linha de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) nos mesmos moldes das que foram anunciadas para os caminhoneiros.
“Nós vamos querer usar como parâmetro o próprio juro que o governo vai usar na política do pacote dos caminhoneiros. Para nós, isso serve de exemplo, indicando que o agro também pode ser beneficiado, ainda mais com o Fundo de Aval”, falou.
No anúncio feito pelo governo, o BNDES vai oferecer R$ 500 milhões em apoio aos caminhoneiros, com um limite de até R$ 30 mil para autônomos para que seja feita a compra de pneus e manutenção de veículos.
“Não queremos um tratamento diferente, até porque o produtor rural saiu muito prejudicado com a questão do tabelamento do frete. Não queremos dois pesos e duas medidas”, disse.
Na visão do parlamentar, não há razão para o governo não reduzir os juros dos produtores rurais, já que a fonte de recurso dado aos caminhoneiros também é o BNDES. “Vamos fazer pressão. A fazenda (ministério da economia) não vai, mas nós vamos”, disse.
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Fundo de Aval
O parlamentar ressalta que o setor está debatendo medidas para solucionar o problema do endividamento rural. Entre elas, está o Fundo de Aval, que deve ser anunciado ainda nesta semana.
De acordo com a Frente Parlamentar da Agropecuária, a ação é uma alternativa para assegurar a retomada de crédito dos produtores rurais junto aos bancos.
Na prática, a proposta permite que os produtores rurais se reúnam em pequenos grupos, formando um fundo financeiro como forma de garantia para novos créditos junto à rede bancária. O sistema de aval cruzado teria grupos de 10 a 12 produtores que se avalizariam entre si. Além do produtor, indústria, banco e tesouro também participariam, já que estes últimos têm a intenção de mitigar os riscos de não pagamento por parte dos credores. Com a redução do risco, os juros ficariam mais baixos.
O que sai encarecendo ainda mais hoje é que o produtor tem que financiar fora dos bancos, com o risco desta operação, com o aumento do custo do dinheiro que, somado à falta de um seguro agrícola consistente no Brasil, faz com que o dinheiro do agro seja muito caro”, disse o parlamentar.