Produtores rurais do município de Mariana, região central de Minas Gerais, tiveram um prejuízo de aproximadamente R$ 23,2 milhões após o rompimento da Barragem de Fundão, responsabilidade da mineradora Samarco, no dia 5 de novembro de 2015. Os dados foram colhidos pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), que a pedido do governo estadual de MG, realizou uma ação conjunta com a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento e Epamig para avaliar os impactos provocados pelo desastre ambiental nos municípios de Barra Longa, Mariana, Ponte Nova e Rio Doce.
O levantamento foi realizado entre novembro do ano passado e janeiro deste ano, e apurou, até agora, 95% das propriedades atingidas, onde moravam 295 pessoas. De acordo com a Emater-MG, os técnicos da empresa aplicam um questionário nas casas visitadas “para ter uma ideia do prejuízo e que poderá subsidiar o Estado no caso de um plano de recuperação econômica destas propriedades”, explica.
Segundo informações do relatório, 195 casas foram atingidas e a maior parte dos prejuízos ocorreu em áreas utilizadas para pastagem, capineiras, plantações de cana-de-açúcar, grãos e horticultura. O valor dos danos é estimado em R$ 15,6 milhões em 1.270,5 hectares de terras atingidas. Em seguida, estão as perdas com 216 construções afetadas (R$ 5,2 milhões), 161 quilômetros de cercas (R$ 977 mil), 293 máquinas e equipamentos (R$ 760 mil) e 1.596 animais perdidos (R$ 651 mil), principalmente aves. O levantamento também apurou que 34 produtores atingidos possuem financiamento de crédito rural, somando o valor de R$ 3,3 milhões.
Amarildo Kalil, presidente da Emater-MG, aponta que a porcentagem das áreas atingidas nas propriedades foi, em média, de 12,9%. “Tivemos 164 propriedades com menos de 50% da área atingida. Em muitos desses casos, será possível retomar a atividade agropecuária. Já em outras 31 propriedades, a lama destruiu mais de 50% da área. Nestes locais será mais difícil voltar a desenvolver as atividades anteriores”, relata. Ele sugere que o mais indicado a se fazer nesses casos é realocar os produtores e transformar as áreas atingidas em zonas de preservação ambiental.
O estudo também mostrou que o solo das regiões contaminadas pela lama da barragem não apresenta mais condições para o desenvolvimento de atividades agropecuárias. Porém, a pesquisa também relata que não foi detectada a presença de metais pesados em níveis tóxicos nas amostras coletadas.
A área rural do município de Barra Longa foi a mais afetada pelo rompimento da barragem, com 136 propriedades atingidas e um prejuízo total de R$ 15,3 milhões. Em seguida vem Mariana, com 52 propriedades e perdas de R$ 7,1 milhões, Rio Doce com 3 propriedades e perdas de R$ 670 mil e Ponte Nova com 4 propriedades e prejuízo de R$ 71 mil. Cerca de 25 propriedades da região ainda serão catalogadas pelos técnicos da Emater-MG.