O ciclone extratropical que atingiu o Rio Grande do Sul, nos dias 12 e 13 de julho, atingiu 16.948 propriedades rurais, em 26 cidades do Rio Grande do Sul.
Os dados são de um relatório divulgado pela Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) e elaborado pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater).
O volume de chuvas variou de 70 a 150 mm e houve também rajadas de vento próximas a 100 km/h, que causaram destruição em estruturas, instalações, florestas de eucalipto e algumas plantações.
O granizo afetou principalmente lavouras de trigo, ainda em estágios iniciais de desenvolvimento, com a probabilidade de danos limitados a pequenas áreas, como erosão em lavouras recém-implantadas.
Segundo a Emater, as regiões administrativas da entidade impactadas pela ação do ciclone foram Ijuí, Pelotas, Porto Alegre e Santa Rosa. Ijuí: Campo Novo, Crissiumal, Humaitá, Joia e Sede Nova. Pelotas: Amaral Ferrador, Arroio do Padre, Arroio Grande, Canguçu, Herval, Morro Redondo, Pelotas, Piratini, Rio Grande, São José do Norte, São Lourenço do Sul e Turuçu. Porto Alegre: Caraá, Cristal, Dom Pedro de Alcântara, Morrinhos do Sul, Porto Alegre, Três Cachoeiras e Três Forquilhas. Santa Rosa: Horizontina e Nova Candelária.
Ciclone provocou devastação no campo
A produção primária foi afetada em diversas culturas, com maior abrangência em trigo.
No geral, 259 produtores tiveram suas plantações prejudicadas.
A fruticultura também sofreu impactos, especialmente nas culturas de banana, bergamota, laranja e morango, com 758 produtores com perdas.
Os danos também se estenderam à produção de hortigranjeiros, onde houve perdas significativas em culturas, como alface, beterraba, brássicas (couve, repolho, brócolis, couve-flor), cebola, rúcula e abobrinha.
Um total de 231 produtores foram prejudicados nessas culturas.
Danos atingiram estruturas
O abastecimento de água potável para 3.163 famílias foi afetado e a interrupção prolongada do fornecimento de energia elétrica, principalmente na região sul do estado, com duração superior a 10 dias, agravou os prejuízos enfrentados pelas famílias.
O ciclone provocou diversas malfeitorias à infraestrutura dos municípios.
Cerca de 63 quilômetros de estradas vicinais foram afetados e 1.603 comunidades enfrentaram problemas de escoamento da produção.
Ao todo, 661 produtores tiveram suas construções e instalações afetadas, já que o evento meteorológico resultou em significativos danos a residências, galpões, armazéns, silos, estufas, açudes e pocilgas.
O evento climático causou também danos significativos ao setor agropecuário e de reflorestamento.
Produção de leite
Considerado de grande impacto para os municípios da Região Celeiro, o fenômeno atingiu com força propriedades leiteiras e de criação de suínos.
O levantamento aponta que 556 produtores de leite foram afetados, com uma produção de 758.115,00 litros que não foi captada.
Além disso, os pecuaristas também tiveram danos nas estruturas de galpões e silos, salas de ordenha e perdas de vacas que morreram sob os escombros.
O produtor de Sede Nova (RS) Jair Brentano, que tem 140 vacas na ordenha, calcula prejuízo acima de R$ 3 milhões somente com a estrutura.
“Não tinha nada de seguro. Dos 120 metros do meu galpão, 95 caíram. A gente pensou seriamente se parava ou seguia. Vizinhos e colaboradores ajudaram muito nesses primeiros dias. O nosso maior trauma está na desvalorização da cadeia produtiva e ainda veio isso aí”, desabafa.
Para o presidente da Associação dos Criadores de Gado Holandês (Gadolando), Marcos Tang, os impactos desse ciclone ainda serão sentidos durante os próximos anos no estado.
“Muita gente não tem como reconstruir; animais que passaram por estresse e vão produzir menos; você perde pico de lactação porque a comida armazenada molhou; vacas que não vão emprenhar; perda de cios. Aquela terneira que nasceria em 9 meses talvez só nasça daqui dois anos. Certamente neste caminho muita gente vai desistir”, completa.
No caso da suinocultura a empresa integradora da região estima impacto em pelo menos 10 mil animais que morreram ou ficaram machucados pela queda de estruturas e os que foram abatidos antes do tempo por não terem lugar para terminar o processo.
Os dados coletados foram processados por meio do Sistema de Levantamento de Perdas (Sisperdas), permitindo uma análise precisa dos impactos causados pelo evento climático. Essa abordagem facilitará o planejamento de ações de recuperação e assistência direcionadas às comunidades afetadas, visando a rápida restauração das atividades agrícolas e pecuárias e a minimização dos prejuízos causados aos produtores rurais.