O ministro da Defesa, general Braga Neto, teria dito ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, que se não tiver voto impresso, não haverá Eleições no ano que vem, de acordo com informações do jornal O Estado de São Paulo. Quem comenta as reações do mercado à suposta declaração do governo é Miguel Daoud.
“O mercado está digerindo essas informações. Isso, nesse momento, para o Brasil, não é nada bom. O que teria acontecido, no dia 8 deste mês: um interlocutor do Braga Neto foi até a Câmara e colocou ao Arthur Lira que, se não tiver o voto impresso, se o Congresso não aprovar o voto impresso, não teria Eleições em 2022. Ele, Braga Neto, que é o chefe das Forças Armadas, estaria apoiado pelo comandante do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Esse assunto está sendo digerido. O Arthur Lira declarou ainda hoje que isso não existe, que ele [Braga Neto] não falou, mas as coincidências de fala com o presidente da República colocam uma certa dúvida em relação a isso. Jair Bolsonaro tem sido muito firme nessa posição e hoje a preocupação é de que os três chefes das Forças Armadas estariam mesmo alinhados a ele”, analisa o colunista.
“É uma posição. A gente tem ouvido muito na imprensa sobre essa situação. Agora, na nossa economia, se isso realmente tiver uma configuração, nessa linha, não sei o que pode acontecer em relação ao câmbio, à taxa de juros e aos inesdtimentos. Sem entrar no mérito da questão do voto impresso, eu só diria que não é momento de haver essa discussão — um momento em que 65 milhões de brasileiros estão na informalidade, a fome já atinge, em parte ou na totalidade, cem milhões de brasileiros, há 14 milhões de desempregados. Nós temos que fazer investimentos, temos que fazer o Brasil crescer. Nós não vamos resolver o problema de distribuição de riqueza e o desemprego no Brasil se não tivermos crescimento”, acrescenta Daoud.
O articulista defende que a economia depende de credibilidade, que pode ser comprometida na discussão sobre o voto impresso.
“Antes de entrar em discussões rebuscadas sobre isso e aquilo, nós temos que olhar para o nosso povo. Os bolsões de miséria que nós temos no Brasil, as pessoas pobres. É por eles que nós temos que governar. Você não muda um país sem convencer a sociedade de que é preciso mudar. E não é com ameaças à democracia que nós vamos conseguir mudar a sociedade. As consequências podem ser desastrosas para o País.”