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Diversificação da produção reduz riscos nas propriedades rurais

Em casos onde não há integração, a cada R$ 1 investido o retorno é de R$ 0,41. Com a integração, rentabilidade aumenta para R$ 0,68, segundo a Embrapa 

Fonte: Gabriel Faria/Embrapa

“Trabalhar com sistemas integrados de produção é uma das maneiras mais eficientes  do produtor minimizar seus riscos”. A afirmação é da consultora da Rede TT ILPF da Fundação Eliseu Alves, Mariana Takahashi, feita durante a apresentação do projeto “Rentabilidade no Meio Rural em Mato Grosso”, realizada na última sexta-feira, dia 2, em Cuiabá, capital do estado.

Para chegar à conclusão da minimização dos riscos por meio do uso de sistemas integrados, Mariana se baseou nos resultados de duas propriedades rurais de Mato Grosso que adotam o sistema.

A Fazenda Dona Isabina, localizada no município de Santa Carmen, região médio-norte de Mato Grosso, possui o sistema de Integração Lavoura-Pecuária (ILP) e foi avaliada durante os anos de 2005 a 2012.  A área foi dividida em cinco módulos de 100 hectares cada e foi montada uma propriedade modal, onde foi feita a análise separada das culturas e os mesmos indicadores foram aplicados na área de integração.

“Notamos que um possível aumento no custo dos insumos a rentabilidade da fazenda modal de soja e milho safrinha é reduzida em praticamente o dobro da fazenda de integração. Simulando uma má negociação em que os insumos foram mais caros, o sistema de integração ainda consegue amortizar um pouco mais, quando comparada a modal”, explica Mariana.

A outra propriedade analisada foi a Fazenda Brasil, localizada em Canarana, região nordeste de Mato Grosso. Na propriedade é adotado o sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). A avaliação foi feita de 2010 e será continuada até 2017, quando serão feitos os cortes das árvores. “Chegamos à conclusão de que na fazenda modal, onde não há integração, a cada R$ 1 investido o retorno é de R$ 0,41. Já na integração, a rentabilidade aumenta para R$ 0,68 a cada R$ 1,00 investido”.

Segundo a consultora, o Brasil tem mais de um milhão de hectares integrados, com espaço para aumento de novas áreas.  “A integração traz mais segurança ao produtor porque os preços dos principais produtos, boi, soja, milho, e algodão, não estão amarrados. Com testes estatísticos concluímos que não há uma relação entre eles. Ou seja, o produtor não vai apostar todos os ovos em uma cesta só”.

O projeto, desenvolvido pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) e Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT), conta com a parceria da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) desde o início.

Estudos de Caso

Durante o evento, também foram apresentados os resultados econômicos de duas Unidades de Referência Tecnológica e Econômica (URTEs), áreas demonstrativas que estão localizadas em propriedades rurais onde, atualmente, são conduzidos sistemas de produção de Integração Lavoura Pecuária e Floresta (ILPF) em que são realizados trabalhos de pesquisa e validação de tecnologia.

O pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril Júlio Reis apresentou o estudo realizado na  Fazenda Bacaeri, localizada em Alto Floresta, que integra pecuária e floresta. E o analista de Custo de Produção do Imea, Miquéias Michetti, apresentou a análise feita na fazenda Gamada, que fica em Nova Canaã do Norte e tem os três componentes da integração, lavoura, pecuária e floresta.

Culturas solteiras

Os resultados dos painéis de Custo de Produção das principais culturas de Mato Grosso, realizados pelo Imea durante 2016, também fizeram parte das apresentações.

Foram realizados 30 painéis em todas as regiões de Mato Grosso. As equipes percorreram mais de 10 mil quilômetros e levantaram os custos de produção da soja, do milho, do algodão e da bovinocultura de corte e de leite.

Dentre os fatores determinantes do custo de produção e da rentabilidade das safras 2015/2016 de soja e milho foi a alta do dólar. “A gente teve um aumento de custo considerável nessas duas culturas porque a compra dos principais insumos acompanham o valor do dólar. Em contrapartida, a alta do dólar também influenciou na rentabilidade uma vez que a comercialização da produção também é atrelada ao dólar”, explica o gestor de Projetos do Imea, Paulo Ozaki.  

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