Dólar cai mais de 3% após ascensão de Bolsonaro no 1º turno
Além do resultado favorável ao ex-deputado, economistas analisam que aprovações de reformas podem ser favorecidas já que a bancada do PSL será a segunda maior do Congresso
O dólar abriu a sessão desta segunda-feira, dia 8, com mais de 3% de queda em relação ao real. O mercado financeiro comemora os números do primeiro turno, favoráveis ao candidato do PSL, Jair Bolsonaro. Além de ter 46,03% dos votos válidos – contra 29,27% de Fernando Haddad (PT) – a bancada do PSL será a segunda maior no Congresso Nacional, o que pode favorecer o
candidato nas aprovações de reformas. Além disso, a onda ‘anti-PT’ ganhou força no país.
Às 9h48 no horário de Brasília, a moeda norte-americana operava em forte queda de 2,90%, cotada a R$ 3,7460 para venda, depois de oscilar na mínima de R$ 3,7110 (-3,81%). O contrato futuro para novembro caía 2,54%, a R$ 3,747.
Segundo a equipe econômica da H.Commcor, investidores agora se debruçam nos números para dosar apostas para o segundo turno, mas também analisam o resultado das eleições no Congresso, as quais mostraram forte contaminação da onda contra o partido dos trabalhadores e mais conservadora em meio à queda de ‘antigos caciques’ no Senado e na Câmara, com PT e MDB amargando duras perdas.
O PSL elegeu 51 deputados federais e terá a segunda maior bancada do Congresso, atrás apenas do PT, com 57 deputados eleitos. O que pode dar maior ‘governabilidade’ à Bolsonaro, caso seja eleito, reforçam os analistas da corretora.
Já o economista-chefe da Infinity, Jason Vieira, reforça o ‘desgaste’ do PT, que teria “‘ma Câmara e um Senado sem apoio’, se vencer. “O MDB sofreu em partes um efeito semelhante, com perda de notáveis e enxugamento”, diz.
Lá fora, é feriado de Colombo nos Estados Unidos, mas o dólar opera forte em relação às principais moedas de países emergentes. O peso chileno e a moeda chinesa caem 1% ante o dólar.
Avanço na Câmara dos deputados
Além do PSL, outros partidos também despontaram das das urnas neste domingo, dia 7, com as maiores bancadas para a Câmara dos Deputados dos próximos quatro anos. O PT, que em 2014 elegeu 69 deputados, continua com uma grande bancada, mas perdeu representação ficando com 56 deputados.
O MDB – que hoje ocupa a presidência da República com Michel Temer – perdeu quase a metade do espaço que tinha em 2014, quando elegeu 65 deputados. A bancada tem até agora 34 parlamentares.
O Partido Novo, que estreou nas eleições de 2018, conseguiu 8 deputados. A nova Câmara continua marcada pela fragmentação partidária. São 30 legendas com representação no Parlamento.
O tamanho das bancadas é fundamental na atuação parlamentar. O maior partido ou bloco tem peso na escolha dos cargos mais importantes da Casa, como a presidência da Câmara e da Comissão de Constituição e Justiça.
Até fevereiro de 2019, quando os deputados tomam posse, os partidos ainda possam se aliar em blocos para ajustar a atuação parlamentar de acordo com o resultado da eleição para presidente da República.
Renovação
A renovação foi alta em alguns estados. No Mato Grosso e no Distrito Federal, apenas uma das oito cadeiras é de deputados reeleitos. Erika Kokay (PT) foi reeleita pelo DF e Carlos Bezerra (MDB) pelo MT. Os demais são novatos na Câmara dos Deputados.
O Piauí, por outro lado, reelegeu sete dos dez deputados federais de sua bancada. O Rio Grande do SuL também optou por reeleger a maior parte da bancada: 19 foram reeleitos e 12 são novatos.
Veteranos e novatos
A composição da Câmara traz novatos como o ator Alexandre Frota (PSL-SP) e a jornalista Joice Hasselmann (PSL-SP). Há vários novatos ligados à área de segurança, caso Policial Katia Sastre (PR-SP), que ganhou fama nacional após abordar um assaltante em frente a uma escola.
A deputada Luiza Erundina (Psol-SP) é a veterana da próxima composição da Câmara. A parlamentar, que tem 84 anos, vai iniciar o sexto mandato consecutivo. Outro veterano é o deputado Átila Lira (PSB-PI), 71 anos, que vai iniciar o oitavo mandato como deputado, sendo o sexto consecutivo.
Justiça Eleitoral
Os resultados finais deste domingo poderão ser alterados em decorrência de eventuais recursos decididos pela Justiça Eleitoral. O Judiciário analisa ações sobre abuso do poder econômico e político nas eleições, cumprimento de critérios para assumir o cargo, e o atendimento dos requisitos da Lei da Ficha Limpa (Lei Complementar 135/10).