O dólar comercial fechou em forte alta de 1,44% no mercado à vista, cotado a R$ 5,7650 para venda, no maior valor de fechamento desde 15 de maio (quando encerrou a R$ 5,8410), em sessão de aversão ao risco no exterior reagindo ao endurecimento das medidas de isolamento social na Europa, como na Alemanha e na França, diante o avanço do novo coronavírus no continente, o que eleva as incertezas em relação à recuperação econômica da zona do euro e global.
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“O pano de fundo é a covid-19, com países retrocedendo no processo de reabertura das economias [em meio à segunda onda de contaminação], impondo um ajuste dos ativos que esperavam recuperação econômica”, comenta a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack.
Ela reforça que começa a surgir uma apreensão com o resultado da eleição presidencial nos Estados Unidos, na terça-feira. “A ansiedade pré-eleição norte-americana aumenta e pesa nos preços”, acrescenta o consultor de câmbio da corretora Advanced, Alessandro Faganello.
A equipe econômica do banco Fator ressalta que o Copom, provavelmente, vai alterar a prescrição futura de haver espaço para mais queda da Selic. “A análise da inflação corrente e da inflação esperada vai confirmar a manutenção da mesma na meta, sendo um pouco mais ‘dovish’ [suave] do que os analistas enxergam, principalmente, pela leitura apressada do IPCA-15”, avalia.
Na semana passada, o resultado da prévia da inflação oficial (medido pelo IPCA-15) de outubro disparou 0,94% ante setembro, na maior alta para o mês desde 1995.
Nesta quinta, 29, com a agenda de indicadores pesada, tendo destaque a decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) e a leitura preliminar do Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano no terceiro trimestre, com expectativa de avanço de 32,0%, a expectativa é de valorização da moeda, às vésperas da eleição dos Estados Unidos e da formação de preço da taxa Ptax – média das cotações apuradas pelo BC – de fim de mês, destaca Faganello, da Advanced.
“Com todo esse cenário conturbado, é muito provável que o dólar siga se valorizando frente ao real. Não vamos ter uma reversão do quadro de covid-19 e do processo de reabertura das economias, não teremos uma reversão do cenário fiscal interno. Então, nada leva a crer que o dólar tenha um cenário mais otimista amanhã”, pondera a economista-chefe da Veedha.