A economia chinesa, a segunda maior do mundo, cresceu 6,9% em 2015, o ritmo mais lento dos últimos 25 anos. O anúncio foi feito pelo Gabinete Nacional de Estatísticas da China, nesta terça, dia 19. O governo chinês confirmou a desaceleração da economia já esperada pelos analistas, mas dentro da meta fixada, de cerca de 7%.
Ao longo de 2015, a economia do país asiático continuou a desacelerar progressivamente, ao crescer 7%, no primeiro e segundo trimestres, 6,9% no terceiro e 6,8% no quarto. A taxa registrada no último trimestre do ano é a mais baixa desde o pico da crise financeira internacional, em 2008.
“A economia cresceu a um ritmo moderado, mas estável e sólido”, afirma, em nota, o Gabinete Nacional de Estatísticas.
O Produto Interno Bruto (PIB) aumentou no ano passado para 67,67 bilhões de yuan, a moeda chinesa (9,48 bilhões de euros). O setor de serviços representou pela primeira vez mais de metade do PIB chinês, à frente da indústria e agricultura. A produção industrial, que mede o rendimento das fábricas e minas no país, subiu 5,9% em dezembro, em relação ao mesmo período do ano anterior, informou o Gabinete chinês. As vendas no varejo, índice-chave para medir os níveis de consumo, aumentaram 11,1% no mesmo período. O investimento em ativos fixos, que calcula as despesas do governo com infraestrutura, cresceu 10% em 2015, comparado ao ano anterior.
Segunda maior economia do mundo, superada apenas pelos Estados Unidos, a China tem sido o motor da recuperação global desde a crise financeira de 2008.
Mundo
O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou para baixo as previsões de crescimento global, antecipando que a economia deve crescer 3,4% este ano e 3,6% no próximo, dois décimos a menos do que o previsto em outubro.
Na atualização feita ao World Economic Outlook [Perspectiva Econômica Global, em inglês] e divulgada nesta terça, dia 19, o FMI justifica a revisão para baixo do crescimento mundial tanto em 2016 quanto em 2017 principalmente com o desempenho econômico dos mercados emergentes e das economias em desenvolvimento.
O fundo piorou também as projeções para as economias desenvolvidas, que deverão crescer 2,1% tanto em 2016 quanto em 2017, ou seja, menos 0,1 ponto percentual do que o estimado em outubro, uma previsão que se deve sobretudo aos Estados Unidos, que deverá crescer 2,6% em 2016 e 2017 (uma revisão para baixo de 0,2 ponto percentual).
O FMI destaca que a atividade econômica “se mantém resiliente”, apoiada pelas condições financeiras que ainda se acomodam e pelo reforço dos mercados imobiliário e do trabalho. A valorização do dólar pesa na atividade industrial e os baixos preços do petróleo penalizam o investimento em estruturas de minas e equipamento.
A zona do euro deverá crescer, em seu conjunto, 1,7% este ano e no próximo, o que se traduz numa melhoria ligeira de 0,1 ponto percentual em 2016 e na manutenção da projeção para o próximo ano.
Ainda dentro dos países desenvolvidos, o Japão, cuja economia cresceu 0,6% em 2015, deverá avançar 1% este ano (mantendo-se a previsão de outubro) e abrandar o ritmo de crescimento em 2017, para os 0,3% (uma revisão em baixa de 0,1 ponto percentual em relação a outubro).
O fundo mostra que o desempenho econômico em 2016 será impulsionado pela frente do orçamento, pelos baixos preços do petróleo, pelas condições financeiras em acomodação e pelo aumento dos rendimentos.
O FMI alerta que, “a menos que as transições-chave na economia mundial ocorram com sucesso, o crescimento global pode derrapar”. Relaciona uma série de riscos negativos, principalmente “um abrandamento mais forte do que o esperado na China”, “efeitos adversos nos balanços e no financiamento das empresas” devido à maior valorização do dólar e à restrição gradual das condições de financiamento, “um aumento inesperado da aversão ao risco” e “uma escalada das tensões geopolíticas em curso”.
Brasil
O FMI aumentou a projeção de queda da economia brasileira, este ano, de 1% para 3,5%. Para a entidade será o segundo ano consecutivo de queda da economia. Para 2015, o FMI projeta uma retração de 3,8%.
Em 2017, a expectativa é de estabilidade, com a estimativa de crescimento zero para o Produto Interno Bruto (PIB). Em outubro do ano passado, o FMI projetava crescimento de 2,3%, em 2017.
O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, considera significativas as revisões das projeções para a economia brasileira em 2016 e 2017, feitas pelo FMI. Em nota, ele destacou que o FMI atribui a fatores não econômicos as razões para esta rápida e pronunciada deterioração das previsões. No relatório, o órgão diz que a recessão é causada pela incerteza política, em meio às contínuas repercussões das investigações da Operação Lava Jato. O FMI destaca que as investigações na Petrobras estão sendo mais profundas e prolongadas do que anteriormente se esperava.
Hoje, é o primeiro dia da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, responsável por definir a taxa básica de juros, a Selic. Amanhã, dia 20, no segundo dia de reunião, será anunciada a taxa básica. Em nota, Tombini ressaltou que “todas as informações econômicas relevantes e disponíveis até a reunião do Copom são consideradas nas decisões do colegiado”.