Economistas de instituições financeiras passaram a ver pela primeira vez contração da economia neste ano, em meio a um aperto maior da política monetária diante da inflação mais elevada e do dólar mais alto.
De acordo com a pesquisa Focus do Banco Central, divulgada nesta quarta, dia 18, a projeção para a o Produto Interno Bruto (PIB) em 2015 passou a uma contração de 0,42%, contra variação zero no levantamento anterior, na sétima semana seguida de piora da estimativa.
As projeções para a indústria tiveram forte deterioração, passando para uma retração de 0,43% em 2015, contra expansão de 0,44% na pesquisa anterior.
Para 2016, a projeção para o PIB permaneceu em expansão de 1,50%. Sobre 2014, os economistas consultados revisaram mais uma vez a estimativa de crescimento, a 0,02%, ante 0,07%.
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) mostrou na semana passada que a economia brasileira encerrou o quarto trimestre de 2014 com queda de 0,15% em relação aos três meses anteriores e o ano passado com retração de 0,12%, segundo dados dessazonalizados.
E para este ano pairam ainda os riscos de racionamento de energia elétrica e de água, com potencial de pressionar ainda mais a atividade.
Apesar de a economia patinar, os economistas elevaram pela primeira vez após nove semanas a projeção para a Selic ao final deste ano, a 12,75%, contra 12,50% antes.
A pesquisa do BC mostrou que a expectativa agora é de alta de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros, atualmente em 12,25%, na reunião de março do Comitê de Política Monetária (Copom). Os economistas ainda veem nova alta de 0,25 ponto na reunião de abril, mas redução da Selic a 12,75% em outubro. Antes, os economistas consultados viam duas altas de 0,25 ponto, em março e em abril, mas com redução também de 0,25 ponto na última reunião do ano, em novembro.
Para 2016, permanece a perspectiva de que a Selic encerrará a 11,50%. Por sua vez, o Top-5 de médio prazo, com os economistas que mais acertam as projeções, ainda vê a Selic a 13% ao final deste ano, e a 11,50% no fim de 2016.
A perspectiva de aumento dos juros vem em um cenário em que as expectativas de inflação não arrefecem, diante da pressão dos preços administrados. No Focus, a projeção para a alta do IPCA em 2015 agora é de 7,27%, contra 7,15% anteriormente. Para os preços administrados, os especialistas consultados projetam agora alta de 10% neste ano, ante 9,48% na semana anterior.
Além disso, a projeção para o dólar também subiu no final de 2015, a R$ 2,90 contra R$ 2,80 anteriormente.
A projeção para o IPCA no final de 2016 continuou em 5,60%, com avanço de 5,5% dos administrados.