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Reveja entrevista exclusiva de Lula ao Canal Rural

Ao Canal Rural, candidato à Presidência da República pelo PT fala de fascismo, MST e posse de armas

Candidato à Presidência da República pelo Partido dos Trabalhadores (PT), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva expôs suas propostas para a agropecuária brasileira em entrevista exclusiva ao Canal Rural.

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Entre outros temas, Lula prestou explicações sobre o que pensa do agronegócio. Ele falou, por exemplo, sobre declaração em que chegou a relacionar o setor com o fascismo. O petista ainda colocou em pauta o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e pontuou se é favorável ou contrário à posse de arma por profissionais do campo.

Segundo entrevistado pela série de entrevistas com presidenciáveis promovidas pelo Canal Rural — o primeiro foi Ciro Gomes (PDT) —, o ex-presidente respondeu a perguntas formuladas por três profissionais da emissora: o diretor de conteúdo Giovani Ferreira; o jornalista e apresentador Antônio Pétrin; e o comentarista Miguel Daoud.

Agronegócio e fascismo

Em relação a uma fala anterior, na qual teria se referido a agentes do agronegócio de “fascistas” e “direitistas”, o candidato do PT afirmou que não generalizou os trabalhadores do setor. De acordo com ele, a agropecuária conta com personagens dos mais diversos espectros políticos. Enfatizou, porém, que, segundo o seu entendimento, a área tem sido palco para “gente com comportamento fascista”.

“Eu não me dirigi ao agro [como um todo]”, disse Lula ao responder à primeira pergunta da entrevista, feita por Antônio Pétrin. “Dentro do agro tem dezenas de pensamentos políticos, econômicos e ideológicos”, pontuou. “O agro não é uma coisa só. Você tem gente mais democrática, gente mais à esquerda, mais de centro, mais à direita. Gente da ultradireita. Gente com comportamento fascista e você tem gente com comportamento altamente democrático”, complementou o membro do PT.

“Uma coisa que o PT fez foi tratar bem do agronegócio” — Lula

Além de reforçar que não generalizou ao falar sobre fascismo no ambiente do agronegócio, Lula aproveitou a entrevista para enaltecer a relação mantida com o setor durante o período em que o Partido dos Trabalhadores esteve no comando do governo federal. “Se tem uma coisa que o PT fez foi tratar bem do agronegócio, desde o meu governo [2003-2010] até o governo da presidenta Dilma [2011-2016].”

Pensamento sobre o MST

Na entrevista ao Canal Rural, Lula evitou criticar o MST. No entanto, usou o verbo “invadir” para se referir a ações promovidas pelo grupo. Nesse sentido, afirmou que “pouquíssimas terras produtivas foram invadidas” no país. Aproveitou a pergunta sobre o tema, feita por Miguel Daoud, para afirmar que, enquanto presidente, disponibilizou 52 milhões de hectares para o assentamento de cerca de 700 mil famílias — o que ocorreu por meio do Estado comprando propriedades então invadidas por sem-terra e, posteriormente, consideradas improdutivas pela Justiça.

“Não pode ter terra para especulação quando tem gente precisando de terra para produzir” — Lula

“Na hora que você começa a assentar as pessoas corretamente, na hora que começa a construir casas, acaba essas invasões desordenadas”, afirmou o petista. “O país precisa de ordem e tranquilidade para poder seguir em frente. Tenho dito para me indicarem quais as terras produtivas que foram invadidas, pois quando foram invadidas elas foram desapropriadas pela Justiça”, desafiou. “Você não pode ter terra para especulação quando tem gente precisando de terra para produzir.”

Fonte: MST
Foto: MST

O ex-presidente disse, ainda, que o MST “está mais maduro”. Na parte de produção agrícola, ponderou que o movimento tem se destacado com produtos orgânicos. “Fui agora ao Rio Grande do Sul e a produção de arroz orgânico deles é excepcional”, elogiou. “O que eles aprenderam? ‘Nós temos que sobreviver e a terra que nós pegamos, temos que produzir’”. De acordo com o entrevistado, o MST se tornou “algo altamente produtivo”.

Posse de armas

Questionado por Giovani Ferreira sobre violência no campo, Lula ressaltou ser contrário ao armamento da população. Lembrou, inclusive, que promoveu campanha para recolher e “queimar em praça pública” armas então pertencentes à sociedade civil. No entanto, garantiu — pela primeira vez de forma pública — ser favorável a se ter mecanismos para que o trabalhador rural consiga se defender.

“Ninguém vai proibir que o dono de fazenda tenha uma ou duas armas”

“Isso não significa que um cidadão que tenha uma fazenda não possa ter uma arma na casa dele”, disse. “Eu sei que há roubo de gado à noite, de cavalo, de qualquer coisa. Você pode ter um segurança, você pode ter uma arma”, comentou Lula. No geral, ele avaliou que se precisa de controle na questão do armamento. “Ninguém vai proibir que o dono de fazenda tenha uma ou duas armas. Agora, se ele tem 20, não é mais arma para defesa. Se tiver 30, pior ainda.”

porte de arma - pistola
Foto: Pixabay

Ao falar que a questão de posse de arma no meio rural passa pelo bom senso, o petista lembrou que o pai dele, Aristides Inácio da Silva, era caçador na região de Guarujá (SP). “Ele tinha arma em casa”, admitiu o político do PT.

Marco temporal

Tema que pode entrar nas próximas semanas na pauta do Supremo Tribunal Federal (STF), o marco temporal de terras indígenas também teve vez na entrevista exclusiva concedida por Lula ao Canal Rural. Nessa parte, o postulante ao Palácio do Planalto foi direito: é a favor da ampliação de terras para povos indígenas.

“Se a gente quiser manter a cultura indígena, nós precisamos que ele tenha mais terra. Não podemos querer trazer ele e fazer dele um cidadão de São Bernardo do Campo (SP) ou de Pirituba”, declarou, ao mencionar o município do ABC paulista onde vive há décadas e o bairro da periferia da zona norte da cidade de São Paulo.

“Não precisamos das terras indígenas para fazer nada”

“Por que a gente acha muito ter 14% se eles [povos indígenas] tinham tudo [do território do Brasil]?”, questionou o presidenciável. “Não precisamos das terras indígenas para fazer nada. E quero aproveitar para dizer que sou contra garimpo ilegal. E madeireiro que invadir floresta para derrubar madeira de forma ilegal vai ser punido”, cravou Lula.

indígenas, marco temporal
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Outros assuntos na entrevista com Lula

A entrevista exclusiva do Canal Rural com o representante do PT na corrida pela Presidência da República também abordou outros assuntos relacionados direta ou indiretamente ao agronegócio brasileiro. O candidato falou, por exemplo, de ações contra a possibilidade de recessão econômica mundial, intervenção do Estado na economia, parcerias com potências internacionais, desmatamento, Embrapa, reforma administrativa e política de preços de combustíveis.

Íntegra da entrevista com Lula

A entrevista exclusiva com Lula será exibida a partir das 19h desta quinta-feira (21). O conteúdo será transmitido simultaneamente de modo multiplataforma: irá ao ar pela TV, pelo site e pelos perfis nas redes sociais do Canal Rural, uma empresa do grupo J&F.

Entrevistas com os principais candidatos à Presidência da República

Além de Lula e Ciro Gomes, que foi o primeiro entrevistado, foram convidados para a série de entrevistas do Canal Rural os outros dois candidatos mais bem posicionados nos últimos levantamentos de intenção de voto dos institutos Datafolha e Ipec: Jair Bolsonaro (PL) e Simone Tebet (MDB).

As assessorias de Bolsonaro e Tebet confirmaram interesse e estão conciliando agenda na rotina da campanha dos candidatos para atender ao convite do Canal Rural.

As entrevistas serão exibidas ao longo deste mês.