A greve dos caminhoneiros que teve início nesta segunda, dia 9, pode ser ainda mais prejudicial por causa da época do ano, segundo o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra. Novembro é um período crucial para as indústrias, com o aumento da demanda interna por causa das festas de fim de ano e com o movimento de formação de estoques de países importadores, destaca o presidente.
A ABPA criou um comitê de gestão de crise para acompanhar a greve dos caminhoneiros e quer traçar estratégias para enfrentamento dos efeitos da paralisação, para isso, vai realizar levantamentos dos impactos e efetivar medidas para tornar viável a entrega de insumos nas granjas, o transporte de animais para o abate, e de produtos para distribuição no mercado interno e externo.
Na última paralisação da categoria, a ABPA calculou que os prejuízos para o setor de aves e suínos totalizaram mais de R$ 700 milhões. Na ocasião, cargas não puderam ser entregues, portos pararam, agroindústrias suspenderam abates e os estoques ficaram lotados.
Turra disse ainda que os setores de aves e suínos esperavam recuperar os atrasos registrados em 2015 por causa da greve dos mesmos caminhoneiros no início do ano, da paralisação dos fiscais federais agropecuários e também das interdições portuárias no Sul do país em virtude de problemas climáticos.
A Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) informou que os caminhoneiros representados pela entidade se manifestaram pela necessidade de trabalhar, numa referência às paralisações desta segunda:
“Ao consultar a sua base de representação, a CNTA e as entidades que a compõe, federações e sindicatos, optam pela defesa dos interesses dos caminhoneiros, por meio do diálogo e negociação com o governo federal e setor privado. Consultada a categoria, ela manifesta sua necessidade de trabalhar e não de paralisar. Até porque a dificuldade econômica por que passamos, não é exclusividade dos transportadores rodoviários, e sim de todo o país” informou o presidente da CNTA, Diumar Bueno.
Governo
O ministro da Secretaria da Comunicação Social da Presidência, Edinho Silva, disse que o Planalto encara a mobilização como um movimento “pontual”, que tem o “objetivo único” de “gerar desgaste político ao governo”. O ministro disse que o tema não foi discutido na reunião de coordenação política desta segunda.
“No nosso entender, essa greve é pontual, que atinge pontualmente algumas regiões do país, e infelizmente é uma greve que tem se caracterizado com uma aspiração única de desgaste político do governo”.
Segundo Edinho, até o momento, nenhuma entidade representativa dos caminhoneiros apresentou qualquer pauta de reivindicação ao Executivo. “Mas o governo está aberto ao diálogo sempre”, ponderou.