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Excesso de oferta faz mercado de celulose passar por estresse de curto prazo

De acordo com Walter Schalka, presidente da Suzano, os atuais preços são os menores dos últimos 20 anos, se trazidos a valor presente

Fonte: Reprodução/Canal Rural

O atual cenário para a indústria de papel e celulose não é dos melhores, com desvalorização do dólar ante o real e queda dos preços mundiais da celulose fibra curta. Este foi o principal tema abordado pelos presidentes da Fibria, Suzano Papel e Celulose, Klabin e Eldorado Brasil Celulose, em um evento em São Paulo.

“O mercado passa por um estresse de curto prazo, com excesso de oferta”, disse Marcelo Castelli, presidente da Fibria, explicando que a demanda ainda existe e que os estoques estão em níveis normais, mas que existe oferta em excesso, o que causa essa pressão nos preços. “Estamos atingindo o fundo do poço em termos de preço de celulose”.

José Carlos Grubisich, da Eldorado, concordou que este é o “pior momento desse ciclo de curto prazo”, mas revelou que pode ocorrer um repique de preços no segundo semestre deste ano, já que o piso foi alcançado neste momento. “Os preços estão pressionados com a tensão pré-partida da nova capacidade na Indonésia (Asia Pulp and Paper) e acredito que já está precificado”. O executivo falou que, para fazer frente à esses desafios, a Eldorado tem focado na redução de custos e inovação. 

O presidente da Klabin, Fabio Schvartsman, também falou que o momento é complicado. “A situação atual é uma justificativa para uma nova rodada de redução de custos”, afirmou.

Walter Schalka, presidente da Suzano, reiterou que os atuais preços são os menores dos últimos 20 anos, se trazidos a valor presente. “A demanda global até é positiva, mas há sobreoferta, porque todos querem operar em plena capacidade. Minha percepção é de que não se ajusta no curto prazo”, disse o executivo para jornalistas. “A Suzano se prepara para o pior, mas esperando o melhor”, finalizou. 

Mercado

Durante o evento, os executivos das principais empresas comentaram que a indústria de papel e celulose deveria passar por um ciclo de consolidação, já que, atualmente, as empresas não são capazes de definir os preços. Entretanto, esse movimento está nas mãos das famílias controladoras e não dos gestores, concordaram os presidentes da Eldorado Brasil.

“A indústria de celulose deveria passar por ciclo de consolidação, pois nenhum de nós tem capacidade de definir preços, mas a estrutura das empresas é familiar e ninguém quer perder o controle”, disse Grubisich.

Segundo ele, a possibilidade de uma oferta hostil é difícil neste setor. “Se não houver movimento amigável, muito dificilmente terá consolidação num horizonte de tempo que gostaríamos”.

No caso específico da Eldorado, que é controlada pela J&F Investimentos, da família Batista, também controladora da JBS, Grubisich disse que há interesse. “Nosso acionista tem se preparado para movimentos de consolidação”.

Marcelo Castelli, da Fibria, concordou que a consolidação da indústria de papel e celulose está nas mãos dos controladores. “Consolidação agrega valor para tentar influenciar ciclos de preços, mas está nas mãos dos controladores, que é familiar”. Para Castelli, a indústria mais cedo ou mais tarde deve perseguir isso.

O executivo ponderou, contudo, que o modelo mais eficiente é o de fusão e não aquisição. “Comprar e vender não acontece. O modelo é criar uma empresa que agregue mais valor para ter saltos grandes e com influência global”. 

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