O alto custo do frete marítimo e a falta de contêineres têm travado as exportações de arroz no Brasil.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Arroz (Abiarroz), só em agosto o preço do transporte marítimo teve aumento médio de 217%, chegando a 450%, em relação a maio.
O cenário resultou numa perda de R$ 36,4 milhões para o setor no primeiro semestre, quando os embarques tiveram queda de 58% na comparação com o mesmo período de 2020.
As vendas externas do cereal para o Peru, EUA, México, Chile, Canadá e países africanos foram reduzidas no período.
Novos negócios
Com o frete mais caro, entretanto, a situação também fica desfavorável para os países que importam arroz do Brasil, o que pode gerar novas oportunidades de negócio.
Esta é a perspectiva da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul. O presidente da entidade, Alexandre Velho, considera a situação “um pouco difícil”, tendo em vista as perdas, mas pondera:
“É importante lembrar que os conteineres são usados para o arroz beneficiado. O arroz em casca, que também é exportado num volume considerável pelo mercado brasileiro (no ano passado chegamos a 1,7 bilhão de toneladas), ele é exportado em porão de navio.”
Velho acrescenta que o problema é mundial. “Se o frete brasileiro é caro para seu mercado, concentrado na América Central, o frete para os países da Ásia é ainda mais caro”, observa. “A falta de contêineres, claro, pesa muito porque é muito importante para a exportação de arroz branco, mas no caso do arroz em casca, não vejo dificuldades em relação a isso”, afirma.
Previsões
O representante espera que haja uma recuperação do setor no segundo semestre, puxada pela taxa de câmbio (a R$ 5,30/dólar). “Com esse valor, temos uma paridade, uma competitividade maior no mercado internacional”, diz Velho.
Contudo, o custo de produção do arroz deve ser de 10% a 30% neste ano — o custo médio é de R$ 10 mil por hectare. “Isso traz um cenário de obrigação para a rotação de cultura do arroz com a soja, que é a maneira que o produtor tem de aumentar a produtividade, a fertilidade do solo, logo uma quantidade maior e um custo menor”, observa o especialista.
Para a próxima safra, ele prevê um preço razoável para o arroz, cobrindo os custos, e uma redução de área no Rio Grande do Sul (responsável por 70% da produção brasileira), em função dos baixos níveis de recursos hídricos no Estado.