Exportação de carne suína cai 14% no primeiro semestre de 2018, diz ABPA

O embargo russo à carne de porco, país que responde por 38% do volume exportado pelo Brasil, influenciou no resultado negativo

Fonte: Thiago Gomes/Susipe

O volume de carne suína exportada de janeiro a julho deste ano foi de 346,5 mil toneladas, queda de 14% em relação ao mesmo período de 2017. A redução de receita no mesmo período foi de 28%, atingindo US$ 686,5 milhões. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira, dia 23, pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que representa 144 empresas, na capital paulista.

O embargo russo à carne suína, país que responde por 38% do volume exportado pelo Brasil, influencia o resultado negativo. O argumento usado foi a presença de substâncias como estimulantes. O bloqueio prejudica o setor desde o final do ano passado.

A projeção para suínos é de aumento de 1% no acumulado até o final do ano, equivalente a 3,8 milhões toneladas. As exportações, entretanto, devem sofrer queda de 10% a 12%, próximo de 620 mil toneladas.

Frango

A exportação do frango brasileiro foi de 2,3 milhões de toneladas no acumulado de janeiro a julho, queda de 8,2% em relação ao mesmo período do ano passado. Em receita, o país faturou US$ 3,68 bilhões, queda de 12,4%. 

O presidente da ABPA, Francisco Turra, citou a suspensão de 16 plantas exportadoras para a União Europeia, que antes era algo visto como “impensável”. A proibição, em maio deste ano, foi consequência da terceira fase da Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal, em março do ano passado. A investigação apontou fraude em resultados de análises laboratoriais sobre contaminação por salmonela.

O diretor de Relações Institucionais da entidade, Ariel Antônio Mendes, disse que o critério usado para a proibição foi equivocado e que a ABPA pretende questioná-lo na Organização Mundial do Comércio (OMC). O objetivo é saber se há “outras motivações, que não a sanidade, para nos manter no processo de restrição de mercado”.

Ovos

As exportações de ovos totalizaram 5,8 mil toneladas entre janeiro e julho, volume 59% superior às 3,66 mil toneladas embarcadas no mesmo período de 2017.  Em receita, houve aumento de 84%, com US$ 9,33 milhões de dólares este ano, contra US$ 5,07 milhões em 2017.

Tabelamento do frete

A entidade é contrária ao tabelamento do frete, pois implicará em aumento do custo logístico em 35%, na média. Algumas modalidades, como transporte de ração, sofrerão maiores impactos, chegando a aumento de 80%. Para o consumidor interno, a alta estimada é de 15%.

A previsão de elevação nos custos de produção inclui os insumos. Algumas alternativas encontradas pelas empresas, de acordo com a entidade, foram a compra de caminhões para uso dos produtores rurais e a compra de milho de países como México, Paraguai e América Central. “O tabelamento do frete veio para matar. Num regime de liberdade [de concorrência], poderia haver entendimento maior”, defendeu o presidente da associação.

Futuro

No início do ano, a projeção da entidade era de crescimento de 4% a 5% nas vendas externas da proteína, ante as 697 mil toneladas embarcadas no ano passado. Levando-se em conta apenas os embarques de agosto, a estimativa da associação para o mês é de 68 mil toneladas, quantidade praticamente estável em relação ao mês passado, que alcançou embarques externos de 68,1 mil toneladas.

A produção, no entanto, deve apresentar aumento de 1% em 2018, para 3,8 milhões de toneladas. Inicialmente, a expectativa da ABPA era avançar de 2% a 3% na produção de carne suína. Ainda de acordo com a entidade, o consumo per capita está estável, em 14,7 quilos/habitante/ano. A projeção para suínos é de aumento de 1% no acumulado até o final do ano, equivalente a 3,8 milhões toneladas. As exportações, entretanto, devem sofrer queda de 10% a 12%, próximo de 620 mil toneladas.

O presidente da ABPA, Francisco Turra, afirma que a produção se manterá positiva devido ao ciclo produtivo deste segmento de carnes, diferente do frango, que tem ciclo mais curto e terá, em consequência, perdas na estimativa de produção. O vice-presidente de mercado da associação, Ricardo Santin, acrescentou que a Rússia está em vias de reabrir o mercado para compras de carnes do Brasil e, se isso se consolidar, “aumentarão muito as vendas de suínos”.

Quanto à produção, a estimativa da ABPA aponta para um recuo de 1% a 2%, para 13 milhões de toneladas. No início do ano, a projeção era de alta de 2% a 4% ante os 13,058 milhões de toneladas de 2017.  De acordo com Turra, a redução na produção de frango ocorreu por causa da queda de 3% a 5% no alojamento de pintos de corte, que provocou um efeito negativo sobre a oferta do animal neste ano.