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Agricultura

Fazendas de Goiás ganham bônus por sustentabilidade após assessoria

Serviço foi custeado pela empresa que compra grãos da família Secco e só gerou benefícios os produtores; veja como foi o trabalho

A família Secco deixou o Sul do Brasil com destino a Goiás na década de 1980, quando a agricultura ainda estava começando a se desenvolver no estado. Os primeiros anos da família foram dedicados ao preparo da terra, que receberia a soja, o milho e, anos mais tarde, o feijão. Atualmente, as culturas ocupam 1.200 hectares por safra.

Uma das lavouras de soja da fazenda do grupo Secco
Foto: Vanderlei Secco Jr./divulgação

O trabalho começou com o avô, o pai e os tios do jovem Vanderlei Secco Junior, de 27 anos. Mas ele entrou a tempo de assistir bem de perto uma grande “virada de chave” na condução dos negócios. Além de tecnológicas e produtivas, a família queria tornar as fazendas Planalto Verde e Bom Jardim, localizadas em Rio Verde e Montividiu, em referências de sustentabilidade ambiental e social, aos moldes de outras propriedades vizinhas.

Vanderlei Secco Jr. e o pai. Foto: Vanderlei Secco Jr./divulgação

“A gente percebia que a fazenda não estava totalmente enquadrada nas legislações e nos padrões de qualidade de outras fazendas vizinhas, então começamos a nos espelhar nelas”, conta Vanderlei Secco Junior, que começou a participar dos negócios da família há sete anos.

Chegada da Produzindo Certo

Haviam pontos estruturais, ambientais e burocráticos a serem melhorados, segundo ele. A oportunidade para começar a transformação chegou seis anos atrás, com a ajuda de empresas parceiras.

“A Produzindo Certo chegou através da Cargill e da Bayer. Vendemos grãos para a Cargill e compramos insumos da Bayer, são dois parceiros. Eles fizeram convite para sermos pioneiros no projeto na nossa região. Eles apresentaram um projeto inicial, e foi um dos primeiros trabalhos que eu desenvolvi na fazenda”, diz Vanderlei.

Essa é a forma de trabalho da Produzindo Certo: eles procuram empresas do agronegócio interessadas em conhecer melhor a sua cadeia produtiva e em incentivar práticas sustentáveis. As companhias escolhem um determinado número de parceiros e custeiam o serviço de assistência técnica ambiental.

Assim como em outras propriedades, a primeira coisa que os técnicos da Produzindo Certo fizeram na propriedade foi mapear os pontos problemáticos, por meio de coletas de informações e documentos, além de visitas presenciais.

Fazenda Bom Jardim. Foto: Vanderlei Secco Jr./divulgação

Alguns pontos levantados no caso da estrutura da propriedade foram adequações nos alojamentos, no tanque de combustíveis, na separação de óleo e cantina. Do ponto de vista ambiental, a empresa recomendou a prática de coleta seletiva, para dar fins adequados aos resíduos da produção, além de resolver pendências relacionadas à outorga para uso de poço artesiano, barragem e pivô de irrigação.

Adequação das acomodações dos funcionários é um dos pontos trabalhados na questão social. Foto: Vanderlei Secco Jr./divulgação

“Nessa época, estávamos sendo bastante fiscalizados por órgãos do governo. Estavam pegando muito no pé do produtor, então víamos necessidade de fazermos esses ajustes para estarmos seguros. Então, o primeiro sentimento que nos veio foi de necessidade. Mas os investimentos altos requeridos para algumas melhorias geraram um certo receio. Porém, eles apresentaram um plano de ação, com passo a passo, bem gradativo, e a gente conseguiu desenvolver dessa forma”, diz.

Ao longo desses anos de assistência, os Secco conseguiram construir a área de lavagem, o depósito de embalagens, o depósito de lixo, além de vários outros objetivos de pequeno e médio prazo.

Área para coleta seletiva de lixo. Foto: Vanderlei Secco Jr./arquivo pessoal

Vanderlei lembra que, no começo do projeto, outro receio da família era fazer investimentos em melhorias que não se pagariam. Porém, os Secco estão dentro dos 10% de produtores acompanhados pela Produzindo Certo que já receberam bônus pela sustentabilidade. “A Cargill nos deu um bônus na soja comercializada com eles, pagam 0,9% a mais”, conta.

Além disso, o produtor conta que a sustentabilidade na produção de soja da fazenda é comercializada como créditos de carbono pela Produzindo Certo, que repassa uma parte dos recursos aos agricultores.

Não dá para deixar a sustentabilidade de lado

Cresce a preocupação mundial com a sustentabilidade. Nos últimos meses, a agropecuária brasileira vem sendo bastante pressionada. Vanderlei, que é engenheiro de produção e já viajou pela Europa para conhecer fazendas, conta que os agricultores europeus produzem quase de forma orgânica, por conta de uma pressão dos consumidores locais.

“Acredito que, felizmente ou infelizmente, o Brasil vai chegar nesse nível. Estamos vendo essas cobranças, e muitos produtores têm separado áreas para orgânicos. Só que acho que ainda estamos muito limitados. O apoio de entidades e empresas ajudaria a trabalharmos de forma mais sustentável, reconhecendo o papel do produtor que está produzindo da forma certa”, diz.

 




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