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FGV: pressão da soja sobre preços no atacado dificilmente se sustenta

Índice Geral de Preços - 10 (IGP-10) de julho subiu 0,75%, influenciado pelos avanço dos valores atacadistas pressionados pela commodity

Fonte: Divulgação / Pixabay

Principal fator de pressão sobre os preços do atacado no Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) de julho, a alta da soja reflete estratégias comerciais dos produtores brasileiros diante da expectativa em torno da safra norte-americana, com colheita em agosto, conforme avaliação do superintendente adjunto de Inflação da Fundação Getulio Vargas (FGV), Salomão Quadros. Com um peso de 4,7% no Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA) o produto ainda pode subir no curto prazo, mas o movimento dificilmente se sustentará dado que a safra brasileira cresceu 11,6% em 2015, para 96,4 milhões de toneladas.

O IGP-10 subiu 0,75% em julho, movimento explicado essencialmente pelo avanço de 0,70% dos preços atacadistas, o dobro do mês de junho (0,34%).

– O mercado vai continuar um pouco nervoso pela proximidade da colheita da soja nos Estados Unidos – diz Quadros. 

Ele explica que as estimativas para a safra dos EUA são boas, mas que é natural haver uma espécie de tensão pré-safra pelas incertezas em relação ao clima. 

– Mas não existe razão para um aumento consistente do preço da soja nem do lado da oferta, nem da demanda. O que acontece é que no momento o agricultor tem fôlego para especular um pouco – conclui. 

Além do salto da soja em grão (de -1,39% para 3,03%), outras matérias-primas brutas agropecuárias tiveram efeito negativo sobre o IPA. É o caso das aves (-1,92% para 6,89%) e do milho em grão, que parou de desacelerar (-6,07% para -0,26%). 

– É um movimento que parece pontual e ligado ao grande peso da soja, que vem oscilando, no indicador – ressalta Quadros. 

O economista da FGV também aponta que outra matéria-prima com peso expressivo (3,4%), o minério de ferro, deverá mostrar desaceleração após sua cotação internacional ter caído abaixo dos US$ 50 por tonelada nas últimas semanas. Em julho o minério foi uma das principais altas, mantendo patamar próximo ao de junho, com taxa de 5,20%.    

Quadros não acredita em uma transmissão expressiva da inflação no atacado ao varejo por conta da alta da soja nos próximos IGPs. 

– No caso do varejo há um equilíbrio de peso com derivados de outros produtos, como o trigo – explica. 

O IPC-10, que apura os preços no varejo, desacelerou em julho para 0,69% ante 0,80% no mês anterior. O principal motivo foi o menor impacto do reajuste de preços dos jogos lotéricos, que segundo Quadros tende a sumir até o fim do mês. 

Apesar do IPC ainda ter pela frente alguma pressão de preços administrados, como o aumento de tarifas de energia, o alívio em itens como alimentação, vestuário e passagens aéreas, em declínio após o pico de férias, deve prevalecer. Um exemplo é a cebola, vilã dos preços em 2015, que embora ainda esteja cara vem devolvendo altas passadas. Em julho, o produto subiu 15,44%, contra 39,14% um mês antes.

Já o Índice Nacional da Construção Civil (INCC) entrou em fase descendente, após uma série de reajustes salariais no Rio de Janeiro e em São Paulo. 

– O custo da mão de obra está descendo a ladeira e os materiais não têm perspectiva de alta com a fraca atividade econômica – diz. 

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