A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, disse, nesta terça-feira (30), na abertura do Fórum Planeta Campo, que o produtor rural brasileiro é o maior ambientalista do Brasil.
Segundo a ministra, com a COP26, ficou evidente que a agropecuária brasileira tem um papel fundamental na agenda climática global.
“A agropecuária faz parte da solução do problema. A delegação brasileira na COP26 apresentou tecnologias que já adotamos no país e surpreendeu o mundo, como o programa ABC+”, disse.
Ainda de acordo com a ministra, agricultores, pecuaristas, silvicultores e extrativistas destinavam à preservação da vegetação nativa mais de 218 milhões de hectares, o equivalente a um quarto do território nacional, o que corresponde a 25,6% do território. “O nosso agricultor é o maior ambientalista do país”.
O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, disse que a COP26 foi uma “vitrine para o Brasil”.
“Isso foi importantíssimo, além das negociações que ocorreram com a estratégia de criação do mercado de carbono que traz recursos para projetos sustentáveis e que a agricultura fará parte desse mercado com certeza. Esse mercado que traz uma tonelada de carbono equivalente para ser comercializada no mercado global pelo governo brasileiro. Conquistamos um consenso e comemoramos muito”.
Segundo ele, essa tonelada de carbono será presente no produto elaborado pelo agricultor, o que significa que ao produzir uma tonelada de soja por exemplo, será possível mensurar a quantidade de carbono. Ao mesmo será possível mensurar o carbono que se tem na vegetação nativa.
“Teremos um produto agrícola nesse novo mundo no qual se fala da pegada de carbono com o produto agrícola com diferencial, muito melhor e positiva em alguns casos. Em um futuro próximo estaremos absorvendo carbono durante o processo produtivo de grãos, por exemplo, no manejo de uma pastagem de pecuária”, reforçou.
Leite afirmou ainda que o Brasil fechou também um acordo para contribuir junto com outros 104 países com a redução em 30% do metano. “A contribuição do Brasil já está nas políticas nacionais e por isso o esforço é muito baixo. Lembrando que países que não tem política alguma têm que fazer muito esforço para aderir ao acordo e contribuir> O Brasil já faz essa atividade e é muito importante deixar claro que a pecuária já tem uma direção para ser mais eficiente”.
O ministro avaliou que a demonstração de um Brasil real durante a COP26 contribuiu para que o mundo enxergasse o país de outra forma, mostrando que o produtor rural cuida da floresta. “De forma que o Brasil é responsável por proteger uma área de 228 milhões de hectares só em propriedade rural. Ou seja, 66% do território nacional protegido com floresta nativa e isso é uma vantagem competitiva para o Brasil.”
“Nós tivemos a oportunidade de apresentar mais de 100 projetos reais, em andamento, de um país que preserva, que cuida. Nós temos a agricultura mais sustentável do mundo”, afirmou.
Veja um vídeo com o resumo dos principais destaques do Fórum Planeta Campo:
O ministro destacou os acordos assinados pelo Brasil na Conferência do Clima, em Glasgow, na Escócia, entre eles o fim do desmatamento ilegal até 2028 e o compromisso global pela redução de emissão de gás metano em 30%.
“O Brasil teve um papel importantíssimo, especialmente no acordo que criou o mercado de carbono global. O Brasil atuou de forma construtiva e proativa. o mercado de carbono vai trazer recursos para projetos cada vez mais sustentáveis”, disse.
Sustentabilidade como estratégia de negócios
Para o presidente da Friboi, Renato Costa, a sustentabilidade nas empresas do grupo JBS deixou de ser um assunto e virou parte da operação. “Sustentabilidade é estratégia. Vamos investir US$ 1 bilhão até 2030 para descarbonizar nossas operações. Assumimos o compromisso de ser Net Zero até 2040, fomos pioneiros nessa iniciativa e ficamos felizes em saber que outras empresas também estão assumindo o mesmo compromisso”.
Na avaliação do CEO da UPL Brasil, Rogério Castro, o produtor brasileiro busca cada vez mais eficiência. “O agricultor é protagonista nesta mudança, ele é parte da solução do que o planeta precisa”, disse.
O vice-presidente no Sistema Faesp/Senar-SP, Tirso Meirelles, afirmou que a COP26 foi um momento histórico para o Brasil e que não há como retroagir no tema. “O ESG [práticas que levam em conta a temática ambiental, social e de governança] veio para ficar. Ele vai levar todas as instituições e empresas a levar a sério a sustentabilidade. Identificação, rastreamento será cada vez mais mandatório”.
Segundo o presidente da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), deputado federal Sergio de Souza (MDB-PR), o Brasil faz muito bem a “lição de casa”, especialmente quando comparado a outros grandes produtores de alimentos. “Para avançar no caminho da sustentabilidade, o produtor rural brasileiro precisa de uma legislação que dê segurança jurídica para produzir com tranquilidade e continuar preservando o meio ambiente”.
Para a presidente da Sociedade Rural Brasil (SRB), Teka Vendramini, o grande desafio neste momento é levar a tecnologia aos produtores. “Nós temos pesquisa, ciência, tecnologia, mas 80% dos agricultores ainda não têm acesso”, destacou.
Já o secretário de agricultura de São Paulo, Itamar Borges, afirmou que o estado vem fazendo um investimento pesado e inédito em ciência e desenvolvimento. “São iniciativas que vão ao encontro do que foi acordado na COP26”.
Fórum Planeta Campo
O Fórum Planeta Campo conta com quatro painéis para abordar os desdobramentos da COP26 e diferentes aspectos da sustentabilidade na agropecuária.
Segundo Júlio Cargnino, presidente do Canal Rural, o evento é uma oportunidade de conversar com a sociedade. “O nosso objetivo é conectar pessoas, desenvolver o agronegócio e levar conhecimento. A comunicação é fundamental para o desenvolvimento de uma agricultura sustentável. E o nosso papel é criar espaços de comunicação entre o agronegócio e a sociedade”.