A menor oferta de frutas e hortaliças registrada nos principais mercados atacadistas no país influenciaram na recuperação de preços de importantes produtos consumidos pelos brasileiros.
De acordo com o 10º Boletim do Programa Brasileiro de Modernização do Mercado Hortigranjeiro (Prohort), divulgado nesta terça-feira (18) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o comportamento de alta nas cotações foi verificado para batata, cenoura, cebola, banana, laranja, maçã e mamão comercializadas nas principais Centrais de Abastecimento em setembro.
No caso da batata, a elevação reverte um movimento de queda de preços ocorridos desde maio deste ano, com uma média ponderada de alta em torno de 18,49%.
O maior aumento foi registrado na Ceasa do Distrito Federal (71,54%), seguido do Espírito Santo (32,96%) e do Rio de Janeiro (31,98%).
Esse incremento nas cotações deve ser atribuído à menor oferta mineira e paulista do tubérculo.
Os envios por parte dos produtores de São Paulo diminuíram 8% e de Minas Gerais, quase 30%.
Outro fator que pode ter influência na menor oferta, sentida mais significativamente na metade de setembro, foram as chuvas nos estados produtores que afetam tanto a qualidade como a logística de escoamento.
Como este cenário deve permanecer, em outubro a tendência é que os preços continuem se elevando
O clima também trouxe impacto para a oferta de cenoura no atacado. As chuvas frequentes dificultam a colheita, além de, muitas vezes, comprometer a qualidade da raiz.
Destaque para Minas Gerais, mais precisamente no município de São Gotardo, região que abastece vários estados no país.
Para se ter ideia dessa importância, ao longo deste ano, todas as treze Ceasas analisadas pela Conab em algum momento receberam a cenoura de São Gotardo.
Para a cebola, os preços subiram mesmo com a pulverização da oferta do produto pelos estados brasileiros.
Esse cenário se explica pela menor produção registrada no Nordeste, mais notadamente da Bahia e Pernambuco. No acumulado do ano o percentual de queda da oferta nordestina, em relação a 2021, chega próximo de 40%. O aumento dos custos, tanto da produção como do transporte, e os preços não atrativos no ano passado refletiram em redução de área.
Entre as hortaliças houve queda apenas nos preços da alface, uma vez que o tomate não apresentou tendência uniforme nas Ceasas analisadas.
A queda na oferta também explica as altas de preços verificadas para a banana, a laranja, a maçã e o mamão
Apesar de em Petrolina/Juazeiro (PE/BA) ter havido boa produção, de alta qualidade, os preços mais elevados para a banana na média das Centrais refletem a diminuição da produção em várias microrregiões, como em Registro (SP) para as variedades nanica e prata, o norte mineiro, importante produtor de nanica, e o norte catarinense, que apresenta representatividade na oferta de nanica.
Para outubro e novembro, é esperado um leve aumento na oferta de prata em algumas regiões produtoras, o que pode pressionar os preços para baixo.
A alta na laranja é influenciada pela absorção da fruta pelas indústrias produtoras de suco, movimento fundamental para que a oferta se mantivesse controlada, uma vez que a demanda se mostra em ritmo mais lento.
A temperatura mais baixa no primeiro terço do mês passado está entre os motivos que explicam a menor procura pela fruta.
No caso da maçã, setembro foi marcado tanto pela alta de preços quanto pela queda da comercialização nas Ceasas, por causa da diminuição dos estoques contidos nas câmaras frias das companhias classificadoras – em virtude da quebra de safra na atual temporada.
No entanto, o panorama não indica espaço para novas elevações, entre outros fatores pela entrada no mercado de frutas concorrentes como ameixa e pêssego.
Para o mamão, as cotações se elevaram em virtude, principalmente, da restrição da oferta da variedade formosa, uma vez que a produção de papaya registrou aumento.
Essa combinação propiciou melhor controle da comercialização e fez com que os produtores desse tipo de mamão tivessem margem para até mesmo manter o preço sem perder rentabilidade.
Para outubro, a perspectiva é que a oferta continue restrita, com pequenos incrementos em algumas microrregiões brasileiras.
Dentre as frutas, a queda nos preços foi verificada apenas para a melancia mesmo com a maior comercialização da fruta no último mês.
O município de Uruana (GO) segue sendo a principal região fornecedora, com destaque também para a finalização da colheita tocantinense.
Nesse cenário, a rentabilidade dos produtores foi bastante pressionada, inclusive com vários deles vendendo produtos abaixo do preço de custo.