As geadas dos últimos dias atingiram mais de 300 cidades produtoras, segundo levantamento divulgado pela Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) nesta sexta-feira, 23. Segundo o levantamento da companhia, 170 mil hectares ou 21,2% dos 800 mil hectares de arábica foram atingidos por geadas da última terça, 20.
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De acordo com Sérgio De Zen, diretor-executivo de política agrícola da Conab, ainda é cedo para avaliar riscos de desabastecimento, mas o fato climático pode ter peso sobre as cotações.
“A quantidade e qualidade do café são ajustadas, pois as áreas de conilon em Rondônia, não foram afetadas pelas geadas. Então nós temos que fazer uma análise para ajuste de preço e provavelmente os valores do café arábica no Brasil e no mundo serão afetados”, afirma.
A Conab informa que essa é a estimativa da área afetada com a somatória das intensidades alta, média e fraca que a geada atingiu os cafezais, tendo variado bastante a intensidade de região para região como mostrou o estudo. “O ideal é aguardar pelo menos 15 dias para fazer uma avaliação detalhada”, observou a Conab.
Segundo a companhia, para avaliar o tempo de recuperação dos cafezais deve-se levar em conta os seguintes pontos: – 1 hectare custa de R$ 18.000 à R$ 20.000 – Com gotejamento tem adicional de + R$ 10.000 – Lavoura sequeiro começa a produzir com 3,5 anos – Lavoura irrigada começa a produzir com 2,5 anos
Ainda de acordo com o levantamento, as regiões afetadas foram: norte do Paraná (Rolândia, Jacarezinho, Apucarana, Carlópolis e outras); – estado de São Paulo (Franca, Pedregulho, Caconde, Espiríto Santo do Pinhal, Garça e outras); – Sul e Sudeste de Minas (Guaxupé, Machado, Lavras, Varginha, Alfenas, Três Pontas, Boa Esperança, Três Corações e outras); – Triangulo Mineiro (Araxá, Patrocínio, Monte Carmelo, Araguari e outras).
Na avaliação de De Zen, novas ocorrências de geadas podem dificultar as projeções feitas pela companhia. “Essa é uma agenda que assusta, pois em 27 anos nunca tivemos nada igual relacionado com geadas. Nossas equipes estão a campo para analisar os danos, mas esse será um trabalho continuado, pois se tivermos novas ocorrências climáticas, teremos que fazer novos cálculos sobre perdas”, pontua.