O governo de Mato Grosso declarou nesta sexta-feira, 17, em seu site, o fim da greve dos servidores do Instituto de Defesa Agropecuária do estado (Indea). O retorno dos servidores ao trabalho, entretanto, pode ser parcial, já que um dos sindicatos representantes dos funcionários decidiu prosseguir com o movimento. Enquanto o Sindicato dos Fiscais Estaduais de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado de Mato Grosso (Sinfa-MT) concordou com o fim da greve, após receber notificação da Justiça mato-grossense determinando a ilegalidade da paralisação, o Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Agrícola, Agrário, Pecuário e Florestal (Sintap-MT) afirmou que a greve continua.
Os servidores da defesa agropecuária do estado iniciaram o movimento em 6 de junho, reivindicando principalmente reajuste salarial de 11,28%. Já em 9 de junho, a desembargadora Serly Marcondes Alves, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso concedeu liminar considerando a paralisação ilegal, conforme nota do governo do estado. O Sintap, por sua vez, disse que não foi notificado, e por isso continuará com a greve, mantendo em atividade apenas 30% dos servidores. O sindicato informa, ainda, que chegou a impetrar um mandado de segurança contra o governo, solicitando uma declaração da legalidade da greve, mas teve o pedido indeferido pela desembargadora Antônia Siqueira Gonçalves Rodrigues, também do TJ-MT.
A greve dos servidores, principalmente a paralisação dos fiscais agropecuários, tem deixado os produtores rurais apreensivos, tendo em vista que esses fiscais são responsáveis pela emissão da Guia de Trânsito Animal (GTAs). Sem a GTA, nenhum animal vivo, como bovinos, suínos, frangos e até passarinhos, pode ser transportado dentro ou fora do estado. Diante disso, várias agroindústrias e produtores do estado vinham entrando com pedido de liminar – e obtendo autorização – para o transporte de animais.
Conforme afirmou o consultor Amado de Oliveira Filho, da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), o prolongamento da greve pode chegar a impulsionar o preço da arroba do boi gordo no mercado físico. Para a analista Isabella Camargo, da Scot Consultoria, porém, o preço da arroba não deve ser afetado no curto prazo. De acordo com ela, os frigoríficos mato-grossenses ainda têm conseguido realizar compras de bois no físico, apesar do maior grau de dificuldade – há produtores que conseguem emitir a GTA eletronicamente, sem depender diretamente dos fiscais agropecuários, daí a possibilidade.
“No momento tem uma oferta razoável. Os frigoríficos estão com escala de abate até para terça-feira, dia 21. Não vai ter mudança no preço por enquanto, mas pode ser que mais para frente isso ocorra”, diz. Em evento em São Paulo, no dia 14, o diretor-fundador da Scot, Alcides Torres Júnior, comentou também que a greve poderia fazer a arroba subir em Estados vizinhos, que costumam buscar gado em Mato Grosso. “No próprio estado, afeta aqueles pecuaristas que estão com necessidade urgente de fazer caixa, embora quem tinha gado pra vender já vendeu e a maioria pode esperar o problema acabar”, comentou, alertando, na ocasião: “Quando a greve terminar, há a possibilidade de queda da arroba mato-grossense por uma questão de concentração da oferta, mas isso vai depender de quanto tempo isso vai durar”.