O índice de confiança do agronegócio caiu 8,6 pontos do primeiro para o segundo trimestre de 2018. O número foi divulgado nesta terça feira, dia 23, em Porto Alegre (RS), em evento organizado pela Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro-RS). Os dados apresentados são referentes aos meses de abril, maio e junho de 2018. Em uma escala em que 100 é considerado neutro, o índice geral recuou de 107,1 para 98,5 pontos.
Segundo André Pessôa, consultor da Agroconsult, as duas variáveis que se destacam no segundo trimestre do ano são a greve dos caminhoneiros e a desconfiança na economia como um todo. “Os dois estão relacionados, os dois são negativos e determinaram essa baixa no índice, que saiu de um patamar de ponderado otimismo, que a gente vinha enfrentando desde o ano passado, até o primeiro trimestre deste ano. […] Se não fosse a greve dos caminhoneiros, a gente já teria uma reversão de tendência, que foi acentuada pela greve, que acelerou o processo de redução do nível de confiança do setor agroindustrial brasileiro”, diz Pessôa.
Após a divulgação dos números, o consultor ministrou uma palestra sobre as perspectivas para o mercado de grãos, principalmente milho e soja. Diante de um cenário de incertezas, o conselho do especialista foi para que a cadeia produtiva tenha cautela no próximo trimestre.
“Poucas vezes no passado recente a gente teve um número tão grande de variáveis incertas, com reflexo tão grande no rumo que o cenário pode tomar. Eu continuo com uma avaliação positiva com o que vem na próxima safra”, declarou Pessôa.
De onde vem o índice
O Índice de Confiança do Agronegócio é divulgado a cada três meses. Para o levantamento dos dados, são consultados 645 produtores de diferentes culturas, como soja e milho, assim como profissionais da pecuária de corte e de leite e indústrias de máquinas e implementos. Eles são escolhidos de acordo com o percentual de participação de cada área no PIB nacional. O resultado então é dividido sob duas perspectivas: 30% baseado nas condições atuais e 70% em expectativas de mercado.
Para o presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias de Santa Catarina (Fecoagro), Paulo Pires, as respostas dos entrevistados mostraram pessimismo principalmente pela instabilidade da economia. “Não dá para dizer [que o pessimismo] é acentuado, que ele é drástico, mas ele existe por causa da indefinição que temos a nível de país, por uma política econômica mais clara”, disse.