Começou nesta manhã, dia 29, a sessão da Comissão Especial do Impeachment no Senado marcada para ouvir o advogado-geral da União (AGU), José Eduardo Cardozo, o ministro do Fazenda, Nelson Barbosa e a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, em defesa da presidenta Dilma Rousseff.
Nesta fase em que a comissão decidirá sobre a admissibilidade do processo, o primeiro a se manifestar, por 40 minutos, foi o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, que se concentrou em dados técnicos e fiscais que embasaram a denúncia.
Explicou que todos os seis decretos de crédito suplementar citados no pedido de impeachment da presidente Dilma, somando R$ 95,9 bilhões, foram baseados em remanejamento de recursos, excesso de arrecadação ou superávit financeiro.
Em sua fala, a ministra da Agricultura citou os avanços do setor agrícola, a importância dos recursos subsidiados para a produção e a participação do governo federal no crescimento da agropecuária do Brasil. Kátia alertou que a subvenção agrícola não pode ser comparada a um empréstimo. “Operação de crédito é o que o produtor assume com o banco. Não há deslocamento de dinheiro do banco para o Tesouro. O banco desloca para o produtor e o Tesouro desloca para o banco” explicou.
A exposição da ministra foi focada unicamente no que ficou conhecido como pedaladas fiscais – possíveis atrasos de pagamentos aos bancos públicos – afirmando que o que foi feito pela agricultura brasileira nos últimos cinco anos, durante o governo da presidente Dilma, foi um marco para o setor.
Segundo ela, a declaração não deve ser vista como crítica aos outros presidentes da República, mas explica como duas pessoas, de partidos diferentes, trabalham hoje juntas. Kátia Abreu é uma das ministras do PMDB que não deixou o governo, depois que seu partido anunciou ruptura na aliança, criando um impasse dentro do próprio Planalto entre Dilma e o vice-presidente Michel Temer. “Eu apoio a presidente Dilma pela reciprocidade que ela deu à agricultura brasileira nos últimos cinco anos. Acredito na idoneidade e na honestidade da presidenta”, afirmou.
De acordo com Kátia, do saldo de R$ 10,4 bilhões que o Banco do Brasil tinha a receber do Tesouro, 60% foi aplicado no Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e 40% destinado a médios e grandes produtores. A ministra lembrou que, depois de 2014, o valor foi acumulado. “O governo não paga de uma vez. Vai pagando ano a ano. É natural que o copo se encha anualmente”, afirmou.
Kátia Abreu detalhou os recursos e fontes do crédito rural relativos ao Plano Safra e destacou que houve redução nas subvenções da agricultura, por conta do ajuste fiscal. “O governo aumentou os recursos para agricultura mas também vem reduzindo esta equalização. Claro que quanto mais subvenção mais competitividade. Mas da safra anterior para esta tivemos diminuição da subvenção em torno de 56%”, destacou. “Mas não tem trazido nenhum tipo de prejuízo aos nossos agricultores”, completou.
Ao lembrar que a equalização de taxas de juros para o crédito agrícola é feita desde 1992, Kátia Abreu explicou que existem dois tipos de recursos para o setor: os livres, a partir de juros de mercado que giram em torno de 14%, e os controlados que é o administrado pelo governo para garantir taxas inferiores e reduzir custos de financiamento. “Estas taxas são o pilar da política agrícola”, afirmou ao lembrar que a medida estimula a competitividade da produção nacional.
Em sua conta pessoal no Twitter, a ministra publicou trechos de seu discurso de defesa, reforçando o apoio a presidente:
Minha defesa não é a partido ou grupos mas a cidadã Dilma que é correta e está pagando pelo que não fez.O futuro dirá.
— Ministra Katia Abreu (@KatiaAbreu) 29 de abril de 2016
Foi sem sombra de dúvidas o governo que mais apoiou a agricultura nos últimos 40 anos. Os números falam por si.Só não reconhece quem n quer.
— Ministra Katia Abreu (@KatiaAbreu) 29 de abril de 2016
Não conseguem separa-lá do seu partido.
— Ministra Katia Abreu (@KatiaAbreu) 29 de abril de 2016
Máquinas para Agricultura:
FHC 26.000 ano Lula 37.000 ano e Dilma 60.000 ano.Ou 300.000 máq.em 5 anos com juros de 2% a 8.75% e longo prazo.— Ministra Katia Abreu (@KatiaAbreu) 29 de abril de 2016
Em 5 anos 15 bilhões p/ Agricultura de Baixo Carbono com 15 anos p/pagar e juros de 6 a 8.75%.Melhorar terras degradadas.
— Ministra Katia Abreu (@KatiaAbreu) 29 de abril de 2016
Crédito Rural:
FHC 372 bilhões em 8 anos,Lula 735 bilhões em 8 anos e Dilma 778 bilhões em 5 anos.Ela aumentou em 65% os recursos em 5 anos.— Ministra Katia Abreu (@KatiaAbreu) 29 de abril de 2016
Tudo que generalizamos corremos o risco de sermos injustos. Tem gente boa e gente ruim em todos os partidos ou em todos os lugares.
— Ministra Katia Abreu (@KatiaAbreu) 29 de abril de 2016
Não faço crítica aos ex Presidentes.Apenas faço o comparativo p/demonstrar o que tenho repetido: a Pres.Dilma foi a melhor p/agricultura.
— Ministra Katia Abreu (@KatiaAbreu) 29 de abril de 2016