Uma nuvem de gás formada por um produto químico chamado ácido dicloroisocianúrico de sódio interditou o terminal portuário de Guarujá (SP) , na margem esquerda do Porto de Santos, na tarde desta quinta-feira, dia 14. Segundo informações da empresa Localfrio, responsável pelo pátio de cargas do terminal alfandegário, onde está o container que vazou, o incidente aconteceu por volta das 15h.
Segundo informações da assessoria de imprensa da Localfrio, o incêndio que ocorre no terminal da empresa iniciou-se a partir de reação da água da chuva com o produto químico, que entrou em combustão, propagando-se e atingindo outros contêineres. Até o momento não há informações sobre a quantidade de contêineres atingidos.
De acordo com a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), a Guarda Portuária da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que administra o Porto de Santos, detectou o incêndio por volta das 15h15, a partir de monitoramento realizado por sistema de câmeras. Imediatamente acionou sua brigada de incêndio para apoiar as operações de combate ao sinistro. Também participam do combate o Plano de Ação Mútua do Guarujá, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e Cetesb.
As manobras de entrada e saída de navios para o terminal de contêineres da Santos Brasil, no Porto de Santos, foram suspensas pela Capitania dos Portos de São Paulo, no final desta tarde, por medida preventiva, até que a situação se normalize, segundo a Codesp.
Os demais terminais do Porto de Santos operam normalmente, diz a empresa, em nota. O terminal para Contêineres da Santos Brasil, localizado ao lado da Localfrio, por medida preventiva, também paralisou suas operações nesta tarde.
O terminal da Localfrio opera com cargas frigorificadas. Trata-se de um terminal localizado na área do Porto, mas sem interface marítima. As instalações não abrangem área de cais. As cargas operadas com navios ocorrem, principalmente, através do Terminal de Contêineres da Santos Brasil.
A névoa química que se formou é vista na cidade de Santos, a cerca de 10 km de distância. O Corpo de Bombeiros e representantes da prefeitura da cidade estão no local. Não há informação sobre feridos.
A concessionária Ecovias informou que o acidente bloqueou o acesso à rodovia SP-248, no sentido Guarujá. De acordo com a empresa, a balsa que faz a travessia Santos-Guarujá serve de opção aos veículos de passeio que seguem em direção à cidade.
Fumaça tóxica
Trinta e nove pessoas procuraram os hospitais no município do Guarujá, na Baixada Santista nesta quinta-feira, com irritação nos olhos e problemas respiratórios, por causa da fumaça tóxica. A orientação da prefeitura é que as pessoas que moram em um raio de até 100 metros do local deixem suas casas.
A técnica em enfermagem Ana Lúcia Machado, de 52 anos, ficou presa em um congestionamento próximo ao local da fumaça durante cerca de duas horas. “Ficamos muito nervosos. Tinha recém-nascido no ônibus, pessoas em cadeira de rodas. Coloquei um lenço na boca e só soltei quando cheguei em casa”, contou Ana Lúcia, que disse ainda sentir ardência nos olhos e na garganta.
De acordo com Rogério Machado, professor de Química e Meio Ambiente da Universidade Presbiteriana Mackenzie, o ácido dicloroisocianúrico é usado para tratamento de água. Para Machado, a combustão pelo contato com a água foi um “erro grosseiro”, pois o produto deveria estar absolutamente protegido do líquido em grandes quantidades.
Ele não descartou, entretanto, que possa haver algum outro produto químico de alta combustão envolvido. “É uma incógnita, por enquanto”, afirmou.
Machado explicou que o ácido dicloroisocianúrico é armazenado em estado sólido. O professor esclareceu que o produto, assim como qualquer outro à base de cloro, causa queimadura nas vias respiratórias e ataca olhos e pele. Ele aponta que o maior perigo para o ser humano é a intoxicação pelo gás e, caso seja inalado em grande quantidade, pode até mesmo matar.