A sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Belo Horizonte amanheceu nesta terça, dia 18, ocupada por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A ação faz parte do Abril Vermelho, uma jornada de lutas pela reforma agrária que ocorre nesta semana em todo o país. De acordo com líderes do movimento, cerca de 1,5 mil pessoas estão no edifício.
Segundo Mirinha Muniz, integrante da direção estadual do MST, o objetivo da ocupação é cobrar dos governos federal e estadual o andamento de pautas sobre a reforma agrária. “Queremos alertar principalmente para o desmonte do Incra. O órgão é importante para atender nossas reivindicações e para desenvolver os assentamentos, através das desapropriações e da demarcação de novas terras.”
Na opinião de Mirinha Muniz, enquanto a reforma da Previdência avança, a reforma agrária foi paralisada. “A intenção não é realizar reforma agrária no Brasil. Daí o enfraquecimento do Incra e a burocratização dos processos. Ao mesmo tempo, lutamos contra essa reforma da Previdência, que atinge com mais força as mulheres, sobretudo, as mulheres do campo.”
Os sem-terra criaram uma comissão para estabelecer um diálogo com a direção do Incra. No fim do dia, será realizada uma assembleia para decidir os próximos passos do movimento, inclusive se a ocupação vai prosseguir.
O Incra informou que só irá se reunir com as lideranças do movimento mediante a desocupação do edifício e ainda nesta terça deverá pedir na Justiça a reintegração de posse. O órgão afirma que foi surpreendido pela manhã com a chegada de seis ônibus trazendo os sem-terra. Os servidores que chegavam foram impedidos de entrar no prédio e os que já haviam ingressado no local tiveram que deixá-lo.
Outros atos
Mirinha Muniz afirma que outras ações estão sendo desenvolvidas em municípios do interior do estado e que mais atos serão realizados na capital mineira até a quinta-feira, dia 20. “Além das ocupações, ontem (segunda, dia 17) nós já realizamos o fechamento de quatro rodovias em Minas Gerais”, contou.
O Abril Vermelho lembra também o massacre em Eldorado do Carajás (PA) há 21 anos. No dia 17 abril de 1996, 19 sem-terra foram assassinados por forças policiais do Pará.