O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviou na manhã de desta quinta-feira, dia 18, uma mensagens aos procuradores do Ministério Público Federal (MPF) em que confirma ter pedido ao ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), a prisão preventiva do procurador Ângelo Goulart Vilela, preso na manhã desta quinta-feira pela Polícia Federal (PF). Janot também pediu a prisão preventiva do advogado Willer Tomaz.
“As prisões preventivas foram por mim pedidas com o objetivo de interromper suas atividades ilícitas”, justifica-se Janot na mensagem. Segundo o procurador-geral, os pedidos de prisões de Vilela e de Tomaz estão “embasados em robusta documentação, coletada por meio de ação controlada”.
Além da prisão de Vilela, Janot determinou sua imediata exoneração da função de assessor da Procuradoria-Geral Eleitoral junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e revogou a participação do procurador na força-tarefa do caso Greenfield, que apura suspeitas de irregularidades em quatro dos maiores fundos de pensão do país.
A prisão de Vilela foi executada por agentes federais acompanhados por dois procuradores regionais da República. Policiais federais também apreenderam documentos em endereços ligados a Vilela – inclusive no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde Vilela trabalha.
“A responsabilidade criminal do procurador e dos demais suspeitos atingidos pela operação de hoje será demonstrada no curso do processo perante juízos competentes, asseguradas todas as garantias constitucionais e legais”, assegura Janot, confirmando que Vilela e Tomaz são investigados por tentativa de interferir nas investigações da operação Greenfield e de atrapalhar o processo de negociação de acordo de colaboração premiada do presidente do grupo J&F, que controla a JBS.
Nesta quarta-feira, dia 17, o jornal O Globo noticiou que, em delação premiada, os donos da JBS teriam divulgado uma conversa em que o presidente da República, Michel Temer, sugere que fosse mantido o pagamento de uma “mesada” ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e ao doleiro Lúcio Funaro. O objetivo seria para que eles ficassem em silêncio sobre suspeitas investigadas pela operação Lava Jato envolvendo integrantes do governo e políticos da base. O STF ainda não confirmou informações oficiais sobre a suposta delação do empresário, nem tornou público os supostos áudios.
Confira na íntegra o comunicado de Janot:
Prezados colegas,
Foi deflagrada nesta quinta-feira, 18 de maio, mais uma fase do caso Lava Jato, especificamente a partir de investigações que correm perante o Supremo Tribunal Federal. O sucesso desta etapa, contudo, tem um gosto amargo para a nossa Instituição.
Há três anos, revelou-se um esquema criminoso que estarrece os brasileiros. As investigações realizadas pelo Ministério Público Federal e outros órgãos públicos atingiram diversos níveis dos Poderes da República em vários estados da federação e, aquilo que, até então, estava restrito aos círculos da política e da economia, acabou chegando à nossa Instituição.
Exercer o cargo de Procurador-Geral da República impõe, não poucas vezes, a tomada de decisões difíceis. Nesses momentos, o único caminho seguro a seguir é o cumprimento irrestrito da Constituição, das leis e dos deveres institucionais. Não há outra forma legítima de ser Ministério Público.
A meu pedido, o ministro Edson Fachin determinou a prisão preventiva do procurador da República Ângelo Goulart Villela e do advogado Willer Tomaz. A medida está embasada em robusta documentação, coletada por meio de ação controlada. As prisões preventivas de ambos foram por mim pedidas com o objetivo de interromper suas atividades ilícitas. No que diz respeito ao procurador da República, o mandado de prisão expedido pelo STF foi executado por dois procuradores regionais da República com o auxílio da Polícia Federal. Também foram realizadas buscas e apreensões em seus endereços residenciais e funcionais. Foi pedido ainda o afastamento do procurador de suas funções no Ministério Público Federal. Determinei também sua exoneração da função de assessor da Procuradoria-Geral Eleitoral junto ao TSE e revoguei sua designação para atuar na força-tarefa do caso Greenfield.
O membro e o citado advogado são investigados por tentativa de interferir nas investigações da referida operação, que envolve o Grupo J&F, e de atrapalhar o processo de negociação de acordo de colaboração premiada de Joesley Batista.
A responsabilidade criminal do procurador e dos demais suspeitos atingidos pela operação de hoje será demonstrada no curso do processo perante os juízos competentes, asseguradas todas as garantias constitucionais e legais.
Como Procurador-Geral da República, cumpri meu dever institucional e adotei as medidas que a Constituição e as leis me impunham.
Sigamos confiando nas instituições republicanas.
Rodrigo Janot