O fitopatologista José Tadashi, de 72 anos, faleceu na noite desta segunda, dia 13, após duas paradas cardíacas. Tadashi faria uma tomografia de abdômen para investigar a causa de uma problema digestivo surgido há três dias.
No fim de abril, o pesquisador caiu de uma escada em sua casa, em Londrina (PR). Ele sofreu hemorragias em vários pontos da cabeça e ficou internado com traumatismo craniano em estado gravíssimo, no Hospital do Coração na cidade.
Considerado um dos melhores fitopatologistas do país, Tadashi tem o combate à ferrugem asiática como uma de suas principais bandeiras. A descoberta da doença no Brasil e outras ações contra o fungo, sendo o vazio sanitário a principal, possibilitaram o controle de um dos grandes vilões da cultura da soja.
O combate ao cancro da haste também foi outro estudo do fitopatologista. Descoberto no país em 1984, esse fungo causava severas perdas, que podiam chegar até 100%. Segundo Tadashi, essa doença causou prejuízo de mais de US$ 1 bilhão na época. Hoje, graças em boa parte ao trabalho do fitopatologista, a doença pode ser controlada rapidamente e sem aumentar demasiadamente os custos de produção.
Formando em agronomia e com mestrado nos Estados Unidos, Tadashi é reconhecido pelo seu amor ao trabalho. Marcos Akio Yorinori, filho de José Tadashi, lembra-se de uma situação inusitada. Acompanhando uma expedição, o pesquisador embarcou em um avião de pequeno porte. Minutos depois de decolar, o avião caiu.
“Fui levá-lo ao aeroporto, que era afastado da cidade e pequeno. Voltando pra casa, eu ainda não tinha visto o avião no céu. Meu pai me ligou avisando que o avião tinha caído. voltei desesperado para o aeroporto e o vi todo sujo de terra fotografando as folhas para encontrar doença. Foi inacreditável. Ele é apaixonado pelo que faz”, recorda Yorinori.
Reconhecimento
A morte de José Tadashi repercutiu entre as associações de produtores pelo Brasil. Na manhã desta terça, a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) divulgou uma nota de pesar e ressaltou a importância fitopatologista para o meio. Para o presidente da Aprosoja, Endrigo Dalcin, Tadashi é um dos principais personagens quando se fala na soja no Brasil. “Tadashi foi uma pessoa ímpar na condução, principalmente, da cultura da soja. Ele foi fundamental para o sucesso da soja no Brasil. Foi uma pessoa que dedicou a vida por essa cultura e, por isso mesmo, merece nossa homenagem e lembrança eterna”, disse.
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Diretor técnico da associação e amigo pessoal de Tadashi, Nery Ribas lembra do perfil do pesquisador. “O exemplo do doutor Tadashi é o que fica. Ele sempre demonstrou serenidade, humildade e muito conhecimento. Agregava pessoas ao seu lado pelo carisma e sempre foi muito respeitado no mundo da agricultura. O Brasil perde uma autoridade da Fitopatologia e nós perdemos um grande amigo e parceiro de longas jornadas. Que Deus conforte e ilumine a dor da família”.
A Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT), também manifestou o pesar por meio de uma nota. “À família, o sentimento de pesar e condolências do Conselho de Administração de todos os trabalhadores da Fundação MT”, disse o comunicado.
Para o presidente da Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso (Aprosmat), Carlos Augustin, agronegócio brasileiro perdeu uns dos grandes nomes. “Com seus estudos a agricultura brasileira teve a oportunidade de conhecer e combater a ferrugem asiática, desta forma a prática do vazio sanitário foi difundida com êxito”, declarou Augustin.
A morte também foi lamentada em Brasília pelo senador Cidinho Santos, que disse ter recebido “com grande tristeza a notícia do falecimento do amigo” José Tadashi.
O velório de José Tadashi está sendo realizado na Associação dos Engenheiros Agrônomos de Londrina, R. Kozen Igue, 345, Jd Itatiaia, em Londrina. O enterro será no Cemitério São Pedro, Av. Juscelino Kubitscheck, 2948, nesta quarta-feira, às 10h30.
A família encaminhou a seguinte nota:
“Agradecemos a todos, temos recebido muito apoio. Não temos nem palavras para descrever o carinho e agradecer pelas orações que nossa família tem recebido”.
