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Jovem cria 5 mil abelhas em apartamento em São Paulo

Na lavanderia da residência, ele mantém colmeias das espécies jataí e mandaçaia, que não têm ferrão, e prova que é possível obter mel mesmo em ambiente urbano

Fonte: Canal Rural

Um jovem de 24 anos encontrou um local inusitado para criar abelhas: a lavanderia de 4 m² do seu apartamento num bairro da capital paulista. Formado em gestão ambiental, Celso Barbieri Junior mantém cerca de 5 mil abelhas nativas, das espécies jataí e mandaçaia, que mesmo estando distante de área rural, têm capacidade para produzir 5 quilos de mel por ano.

A rotina das abelhas de Barbieri é idêntica à dos insetos que vivem no campo. De manhãzinha, segundo o criador, elas “saem para trabalhar”, coletam pólen e néctar, que transformam em mel. Voltam à noite, quando trabalham na colônia. “Elas não me atrapalham em nada”, diz.

Tanto as jataís, bem pequenas, quanto as mandaçaias, mais robustas, não têm ferrão e não transmitem doenças. Isso ajudou muito para que a vizinhança de Barbieri aceitasse as novas moradoras. 

“Os vizinhos lidaram muito bem com elas e foram muito bacanas, entenderam a importância que as abelhas têm para a natureza. E se interessam, me fizeram várias perguntas e a gente convive super bem”, conta o criador. Ele lembra que a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) estima que 10% do PIB agrícola mundial depende da polinização das abelhas.

Para garantir que as abelhas saiam e voltem todos os dias para o apartamento sem problemas, o jovem criou um “caminho” com canos de PVC. Isso simula o percurso que os insetos fazem no tronco das árvores, no ambiente natural.

Barbieri conta que havia bolado outro sistema, com dutos pretos flexíveis, mas não funcionou. “Minha noiva teve a ideia do cano de PVC, e utilizei resina epóxi pra fixar”, diz.

A criação de espécies nativas em apartamentos é permitida pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente, desde que se restrinja a 49 enxames e o ambiente seja apropriado. A permissão vale apenas para espécies nativas – as abelhas africanizadas não podem ser criadas em ambiente urbano. Não é aconselhável que as colônias sejam criadas em apartamentos acima do 7º andar – Barbieri e suas abelhas vivem no 2º andar.

O presidente da ONG SOS Abelhas, Gerson Luiz Pinheiro, explica que essa limitação de altura é necessária porque as abelhas gastam muita energia para ir até as flores e voltar à colmeia várias vezes. “Dependendo da espécie, elas também são muito afetadas por vento”, diz.

A SOS Abelhas é uma instituição que captura e remove colmeias de lugares impróprios na Grande São Paulo. Pinheiro, que tem 30 anos de pesquisas com esses insetos, garante que a criação urbana faz diferença no equilíbrio do meio ambiente. 

“Seja em área rural ou urbana, as abelhas contribuem para a polinização, e são responsáveis por mais de 70% da produção do nosso alimento”, lembra Barbieri.

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