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Juro alto afeta incentivo de bancos para cadeias como agronegócio

Presidente do Santander diz que nível de alavancagem do setor privado é "muito baixo" diante do potencial do segmento do agronegócio

Fonte: Divulgação/Embrapa

O atual patamar da taxa de juros no Brasil, de 14,25% ao ano, impede que haja incentivo técnico maior dos bancos para cadeias como o setor de agronegócios, de acordo com o presidente do Santander Brasil, Sérgio Rial. Além de juros menores, o desenvolvimento do setor, conforme ele, passa pela redução também da inflação e ainda pela desregulamentação do sistema financeiro, tanto do lado da poupança como dos depósitos compulsórios.

“Vamos pagar a diferença do custo de capital (com outros mercados) nos próximos dois anos. Temos de, rapidamente, desregulamentar o sistema financeiro para termos custos mais competitivos para a alavancagem do setor de agronegócios”, afirmou Rial durante palestra, em evento da BM&FBovespa sobre o agronegócio. Segundo ele, é preciso “alavancar o setor de agronegócios como vemos no mundo desenvolvido com o qual competimos”. “Não há outra forma”, acrescentou.

O presidente do Santander criticou o fato de a poupança ser “tabelada” no Brasil e ainda o “aspecto compulsório” na alocação de passivos dos bancos em termos do crédito rural. Fez críticas ainda à baixa presença das instituições financeiras no financiamento do setor de agronegócios.

Rial lembrou que a atuação do Banco do Brasil no setor de agronegócios é importante, assim como a dos concorrentes. Mas, ainda assim, o nível de alavancagem do setor privado é “muito baixo” diante do potencial do segmento de agronegócios. “Os bancos não aportam muito valor. Só existem vendedores de insumo e contratos de venda futuro que as empresas fazem e descontam e transacionam com grandes tradings. Os bancos são ausentes estruturalmente em um setor que é tão importante”, avaliou Rial.

De acordo com Rial, o Santander Brasil quer ampliar sua participação no setor de agronegócios brasileiro. “Mais de 20% do nosso resultado global vem do Brasil. A Espanha representa 16%. O Brasil é o futuro, juntamente com o México”, disse ele.

O presidente do Santander Brasil afirmou que a instituição nos últimos dez anos teve de arcar com o custo da integração de mais de 50 bancos que adquiriu no País de forma direta e indireta. Mas admitiu que “falta presença” para a instituição no centro-oeste e também no Oeste e Sul da Bahia, bem como no Sul do Maranhão, regiões nas quais o banco quer estar “estrategicamente” no segmento do agronegócio.

“A agência tradicional que conhecemos não existirá no futuro. Temos um (projeto) piloto de espaços de agro muito mais digitais, com menos gente, mas mais técnica”, afirmou Rial.

Dow Agrosciences

O governo federal não tem condições de oferecer volume de crédito suficiente para fazer rodar o agronegócio brasileiro e as empresas de agroquímicos estão tendo de absorver parte da demanda adicional do setor, declarou o presidente da Dow Agrosciences no Brasil, Welles Paschoal. “O governo não tem condições de oferecer crédito suficiente e estamos vendo os prazos das vendas se alongando para até mais de uma safra, o que demanda um capital altíssimo (das empresas) para manter o negócio rodando”, declarou o executivo.

De acordo com o executivo, as empresas do setor de agroquímicos “sofreram muito” no ano passado para contornar a forte desvalorização do real ante o dólar. Boa parte dos insumos é importada, o que elevou os custos de produção em real. “Isso afetou seriamente a indústria. Não conseguimos traduzir a alta do dólar em preços (dos produtos) nem recuperar a grande desvalorização cambial”, afirmou. Outro problema enfrentado pelo setor apontado pelo presidente da Dow Agrosciences é o aumento da inadimplência no Brasil. “Temos visto a inadimplência na agropecuária aumentar. Há alguns setores do agro, especialmente no Cerrado, com um nível de inadimplência muito alto, muito por causa do clima”, disse Paschoal. Para ele, a indústria “não pode arcar com todo esse ônus”, complementou.

O presidente da Dow Agrosciences comentou, ainda, as críticas feitas ao agronegócio brasileiro, que seria um dos maiores consumidores de agroquímicos do mundo. Paschoal argumentou que o País é um dos únicos com duas ou até três safras por ano e lembrou que o clima tropical traz problemas não existentes em outros países. “Por que não olhamos a quantidade de produto usada por tonelada de produto agrícola produzida? Claro que há coisas a melhorar, mas a afirmação de que jorramos produto no solo não é verdadeira”, declarou.

Cosan

O financiamento do agronegócio e de outros setores da economia nacional deveria ter maior participação de entidades privadas e menor peso de subsídios estatais, defendeu o CEO da Cosan, Marcos Lutz. “O papel de longo prazo é um governo subsidiando menos. O governo precisa dar segurança jurídica para que entidades privadas financiem com custo baixo”, disse ele em painel ” Desafios e oportunidades para o agronegócio brasileiro”, afirmou.

Para o executivo, o que os setores produtivos não podem ter são “mudanças de regras, governo entrando e governo saindo”. “A essência da redução do custo de capital é a redução do risco de operação”, concluiu.

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