A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Kátia Abreu, defende o uso do larvicida biológico Bt-horus, desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), para o combate das larvas do mosquito Aedes aegypti – transmissor do vírus zika (que pode causar microcefalia), da dengue e da febre chikungunya.
De acordo com informações do Mapa, o bioinseticida é feito à base de Bacillus thuringiensis israelenses (Bti) e foi criado pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia em parceria com a empresa Bthek Biotecnologia. A ministra falou sobre o uso do produto e as ações de combate ao vírus Zika durante videoconferência com todas as unidades da Embrapa e da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
O grande benefício, em comparação com os inseticidas tradicionais, segundo o ministério, é que o produto orgânico causa a morte apenas da larva do mosquito, sem afetar pessoas nem animais domésticos, inclusive peixes, aves e outros insetos benéficos. Também não afeta o ambiente, porque não é cumulativo ou poluente. Pode ser adicionado em qualquer lugar que acumule água e tenha potencial para ser um criadouro do Aedes.
Larvicidas à base de Bti são usados há décadas em países como os Estados Unidos. O produto brasileiro BT-horus já está registrado junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e ao Mapa, mas ainda não é produzido em escala industrial.
“Trata-se de uma alternativa importante para atender à urgência do momento”, afirmou a ministra Kátia Abreu, que também apontou a possibilidade de importar o bioinseticida dos Estados Unidos.
O presidente da Embrapa, Mauricio Lopes, disse que um segundo produto com a mesma finalidade foi desenvolvido em parceria com o Instituto Mato-grossense do Algodão (Imea) está pronto para ser registrado, com o nome Inova-Bti.
Um frasco de 30 mililitros, que custa de R$ 3 a R$ 4, é suficiente para atender uma residência por dois meses. Por ser de fácil aplicação, pode ser utilizado pela própria população, assinalou a ministra.
“O produto mata apenas as larvas e não causa danos à saúde humana. Por isso, até mesmo as crianças podem receber o frasco na escola e levar para casa, diferentemente dos produtos químicos. Junto ao frasco, virão as instruções sobre o uso”, explicou Kátia Abreu.
O uso do biolarvicida é uma das alternativas de combate ao mosquito. Em intensiva campanha nacional contra o transmissor, o governo federal também tem trabalhado com outros instrumentos e abordagens.
Campanha
A ministra pediu mobilização de toda a sociedade contra a proliferação do Zika no país. “Juntos somos, na verdade, um grande exército”, afirmou dur ante videoconferência com a Embrapa e a Conab.
Seguindo a orientação do governo federal, o Mapa está fazendo uma ampla campanha interna de conscientização e prevenção contra o mosquito Aedes aegypti.
De acordo com o ministério, 26.284 servidores espalhados em todo o país – incluídos os órgãos vinculados – que podem ser mobilizadores e voluntários em ações de combate à proliferação do mosquito nas diversas localidades onde o ministério está presente. São 905 imóveis geridos pela pasta, além de 800 armazéns e outros 33.600 estabelecimentos nos quais o Mapa desenvolve ações de defesa agropecuária.
A ministra afirmou que confia no poder de mobilização dos brasileiros e lembrou que, no passado, o país já enfrentou outras enfermidades como febre amarela, paralisia infantil, varíola.
“O Brasil tem que estar preparado para essa luta. O mosquito não tem que provocar medo, mas ação, atitude. O importante é que toda a sociedade participe junto com o governo dessa mobilização, não basta o governo agir sozinho”, afirmou.
A secretária-executiva do Mapa, Maria Emília Jaber, afirmou que enviará a todos os gestores da pasta no país os números atualizados da doença, a lista dos municípios onde a situação é considerada mais grave, o calendário de ações do Mapa, uma palestra de sensibilização e um vídeo explicativo para a construção de mosquitoeiras.