Lava Jato: PF prende pecuarista ligado a Lula

José Carlos Bumlai é suspeito de intermediar repasses de propina à nora do ex-presidente

Fonte: Ueslei Marcelino

A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta terça, dia 24, nova etapa da operação Lava Jato como parte de investigações sobre contratação de navio sonda pela Petrobras, prendendo preventivamente o pecuarista José Carlos Bumlai, ligado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A operação foi autorizada pelo juiz Sérgio Moro, da Justiça Federal do Paraná.

Bumlai foi preso em um hotel de Brasília nesta manhã, dia 24, na 21ª fase da Lava Jato, que ganhou o nome Passe Livre. O pecuarista tinha depoimento previsto na CPI do BNDES nesta terça.

Um dos delatores da Lava Jato, o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, disse em depoimento às autoridades que pagou R$ 2 milhões a Bumlai, que seria destinado a uma nora de Lula, segundo reportagens publicadas por jornais em outubro.

Além disso, Baiano teria dito em seu acordo de delação que Lula se reuniu com Bumlai e com João Carlos Ferraz, então presidente da Sete Brasil, para tratar de negócios intermediados pelo lobista em nome do grupo OSX.

Um dos maiores pecuarista de Mato Grosso do Sul e do país, Bumlai é fundador da Agropecuária JB, empresa que atua na área de melhoramento genético e controle individual de animais. Ela também trabalha com projetos de integração entre agricultura e pecuária, e irrigação.

Bumlai e Lula se conheceram em 2002, durante a campanha presidencial do petista, apresentados pelo então governador Zeca do PT, e são amigos desde então. O pecuarista foi um dos principais interlocutores de Lula com o agronegócio, buscando mostrar que não haveria grandes rupturas no campo caso ele fosse eleito na ocasião.

Família

Além do pecuarista, a Justiça intimou Cristiane Dodero Bumlai, Guilherme Bumlai e Mauricio Bumlai, nora e filhos do empresário, respectivamente, além dos administradores Natalino Bertin e Silmar Bertin, ligados ao Grupo Bertin, e do policial militar Marcos Sergio Ferreira, suspeito de sacar valores em espécie para Bumlai. Os alvos da operação desta terça-feira são suspeitos de participar de um esquema de corrupção na contratação da Schahin Engenharia, em 2009, como operadora do navio-sonda Vitoria 10.000.

Guilherme Bumlai é conselheiro fiscal da Associação Sul-Mato Grossense dos Criadores de Nelore (Nelore-MS).

A PF também cumpriu mandados de busca e apreensão de contratos das empresas de Bumlai no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e em endereços ligados aos investigados. Em nota, o BNDES afirmou que não houve irregularidades nas operações.