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Leite: valor pago ao produtor sobe 28% no primeiro semestre

De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a tendência é de alta para o pagamento em julho

Foto: Pixabay

Os preços do leite ao produtor em junho, referentes à captação de maio, registraram a quinta alta consecutiva, impulsionados pela menor oferta. De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o valor do produto se elevou em 3,3% frente ao mês anterior, chegando a R$ 1,296 o litro na média Brasil, que inclui a Bahia, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Considerando o acumulado deste primeiro semestre, a alta é de 28%.

O aumento dos preços em junho foi inferior aos registrados nos meses anteriores – em abril e maio, por exemplo, quando a a valorização do leite superou os 7%.

Isso ocorreu porque, em maio, quando aconteceu a captação do leite no campo, agentes da indústria relatavam dificuldades em fazer o repasse da valorização da matéria-prima aos derivados, alegando demanda enfraquecida.

Com negociações truncadas, a necessidade de realizar promoções freou a valorização do leite no mercado à vista e também dos derivados, em especial do UHT, fator que limitou a elevação dos preços ao produtor em junho.

No entanto, a oferta limitada tem pesado mais que a demanda no processo de formação de preços no campo, ditando a dinâmica do mercado lácteo neste ano. O setor sofre com as consequências dos baixos preços praticados no segundo semestre de 2017, que desestimulou produtores a investirem na atividade.

Além disso, com o avanço da entressafra e o aumento dos preços dos grãos entre abril e maio deste ano, a produção foi prejudicada, elevando a competição entre indústrias para assegurar o fornecimento de matéria-prima.

Paralisação dos caminhoneiros

Para completar, a greve dos caminhoneiros no final de maio e a consequente interrupção do transporte de leite aos laticínios agravou ainda mais esse cenário. O índice de captação de leite do Cepea recuou expressivos 14,4% de abril para maio, acumulando queda de 24,1% no ano. Paraná e Minas Gerais foram os estados com maior redução do volume captado, em 20,6% e em 15,1%. O resultado, atípico, esteve atrelado ao grande volume descartado de leite ainda nas propriedades.

No correr de junho, os laticínios e canais de distribuição enfrentaram a situação conjunta de esvaziamento de estoques. Como consequência, os preços dos derivados se elevaram consideravelmente. O longa-vida, termômetro para o setor, se valorizou quase 30% na primeira quinzena de junho. Na segunda metade do mês, a valorização foi menos intensa, de 5,8%.

Tendência

Para julho, por sua vez, a competição das empresas em junho para compra do leite com o objetivo de recompor estoques deve sustentar a alta dos preços ao produtor. A alta no próximo mês, inclusive, pode superar a verificada em junho.

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