Maggi critica protecionismo indiano com produtos do Brasil

Apesar das críticas, o ministro da Agricultura acredita em novas parcerias entre os dois países

Fonte: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirmou que a Índia “é muito protecionista” em relação à compra de produtos agrícolas do Brasil. Para ele, o país impõe barreiras fitossanitárias, que, na prática, não têm fundamentos técnicos.

Segundo o ministro, autoridades brasileiras enfatizaram ao primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, que o mundo não vive só de regulamentos, é pautado pelo comércio e que, em última instância, é determinado por decisões políticas. “Se a Índia quiser o Brasil como um parceiro estratégico precisa tirar as barreiras fitossanitárias. Elas não existem. O que existe é política de não querer importar do Brasil ou dar preferência para outro país”, disse o ministro em viagem oficial ao país.

De acordo com Maggi, Modi entendeu a mensagem e disse que fará as gestões políticas necessárias para resolver o problema. “Vamos ver se o Brasil consegue ampliar seu mercado de alimentos para a Índia, pois é uma grande importadora do produto.” O ministro disse que o Brasil não consegue exportar para o país asiático aves, suínos e maçãs.

De acordo com a autoridade brasileira, uma área do governo da Índia, a mais tradicional, acha que o pais não precisa importar e consegue produzir o que necessita. “Há a ala que prevê o futuro da Índia, com a entrada de mais de 15 milhões de pessoas por ano para se alimentar, que defende ser preciso importar”, disse. Segundo ele, há na Índia uma espécie de disputa por qual caminho a ser seguido e o Brasil está à espreita para ocupar esse mercado.

Maggi destacou que durante a visita oficial do presidente Michel Temer ao país asiático o Brasil assinou com a Índia um acordo importante na área pecuária, de transferência de material genético da Índia. “Todo o rebanho brasileiro é de origem indiano. E desde 1950, o Brasil não importa mais gado daqui. Portanto, a nossa variabilidade genética tem sido diminuída nos últimos anos. Com a entrada deste novo material vamos dar um choque na pecuária brasileira e iremos ganhar produtividade.”

O ministro destacou que a Índia procura um fornecedor de lentilhas em grande quantidade, dado que é um alimento muito consumido por sua população e que precisará importar 30 milhões de toneladas por ano a partir de 2030. “Vamos começar, a partir de um acordo que fizemos aqui, transferir material genético para investigar no Brasil onde seria a melhor região de produção. Esse negócio pode gerar US$ 6 bilhões por ano em exportações de lentilha do Brasil para a Índia”, disse. Maggi destacou que a empresa indiana UPL deve investir R$ 1 bilhão em um ano em Camaçari para produzir agroquímico genérico.

De acordo com o ministro, o Brasil está estimulando a Índia a entrar em um programa de produção de etanol e apontou motivos: “Um deles é ambiental. Um segundo é que quando os preços do açúcar começam a cair muito, eles continuam em queda porque a oferta aumenta.”

Para ele, quem faz etanol a partir de cana-de-açúcar, como o Brasil, tem a possibilidade de interromper essa queda do preço do açúcar. “Os empresários brasileiros querem que a Índia faça isso para que possamos segurar o preço do açúcar e ter uma commodity sem tanta variação de preço como foi registrado nos últimos anos”, completou o ministro.