O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, divulgou um vídeo em suas redes sociais pedindo o fim da greve de caminhoneiros, que já está impactando fortemente o setor. “A minha preocupação neste momento é com o preço dos alimentos e a quantidade de produtos nas mesas e supermercados. Talvez você seja simpático e faça parte desse movimento, mas chegou a hora de liberar as estradas, pois as pautas que os motoristas levaram ao governo foram totalmente atendidas”, disse no comunicado.
Segundo Maggi, se até esta quinta, dia 31, as estradas não forem liberadas, o Brasil pode perder mais de 1 bilhão de aves, fazendo com que o brasil se torne um importador de frangos. “O quanto antes voltarmos a produzir, melhor para todos e o preço continuará barato, principalmente na proteína animal”, finalizou o ministro.
‘Quem continua em greve é bandido’, diz representante de caminhoneiros
Essa foi a declaração dada nesta terça, dia 29, presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes. Segundo ele, há infiltrados no movimento que impedem que o ato chegue ao fim, prejudicando a sociedade como um todo.
“Não são os caminhoneiros autônomos que estão mantendo essa greve. Quem está fazendo isso é bandido, pois o caminhoneiro fez o que tinha que fazer e esse terrorismo o que quer, colocar fogo no país? Se ficar mais dois dias parados isso aqui vai incendiar e não é isso o que eu quero”, disse.
Para a Associação Nacional do Transporte de Cargas (NTC), o fim da greve também é o melhor caminho para a categoria. “Nós queremos que acabe, pois virou uma insanidade e todo mundo está perdendo, pois as empresas de transporte não estão faturando e não há benefício nenhum nessa continuidade”, disse o presidente da entidade, José Hélio Fernandes.
Posição do setor agropecuário
Diante dessa crise, a Frente Parlamentar da Agropecuária e o Instituto Pensar se reuniram para fazer o balanço dos prejuízos. A entidade disse no encontro que a paralisação é política, com participação de infiltrados de fora do setor de transportes.
“Quem está proporcionando tudo isso não são trabalhadores. Identificamos claramente os extremistas sem nenhum grau de responsabilidade, pois, para eles, quanto pior, melhor”, falou o deputado federal Nilson Leitão (PSDB-MT).
O discurso dos deputados é baseado nas garantias concedidas essa semana pelo governo federal, para que os caminhoneiros terminem a greve: entre elas estão o desconto de 46 centavos por litro do diesel, com retirada e redução de impostos, isenção de pagamento do pedágio por eixos suspensos e uma Medida Provisória que prevê a criação de uma tabela de preços mínimos dos fretes a cada seis meses.
Crise sem precedentes
Segundo levantamento da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) , a greve dos caminhoneiros já gerou prejuízo de R$ 6,6 bilhões ao agronegócio brasileiro. O setor de proteína animal foi, até agora, o mais prejudicado.
“Mais de um milhão de aves estão perecendo por dia e essa progressão é geométrica”, falou o presidente de aves da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin.
De acordo com a Abrafrigo, os prejuízos com exportações estão em torno de US$ 200 milhões e o setor deixa de movimentar cerca de R$ 500 milhões por dia.
Durante a reunião, entidades que representam o setor produtivo e a indústria concordaram que esta é a maior crise já enfrentada pela pecuária brasileira. “A Viva Lácteos estima que já foram jogados fora mais de 360 milhões de litros de leite nesse período, com impacto de R$ 1,2 bilhão”, disse o assessor técnico da Viva Lácteos, Gustavo Beduschi.
A crise afeta também o setor de empregos, como ressaltou a presidente da União de Cana de Açúcar (Unica), Elizabeth Farina, somente no estado de São Paulo, 310 mil empregos estão em jogo com a paralisação de 150 usinas. “A partir de hoje, não teremos nenhuma usina de cana-de-açúcar operando e encerra-se a produção de um combustível brasileiro que tem ajudado a limitar o aumento de gasolina.”
Na visão do diretor-executivo da Aprosoja, Fabrício Rosa, há reflexos no escoamento da safra da soja. “Existe um impacto diário de 400 mil toneladas de soja que deixam de ser escoadas. A soja já havia sido colhida, mas precisa ser escoada”, contou.