A forte demanda por máquinas agrícolas em 2020, ano em que fabricantes e fornecedores de peças tiveram de interromper operações em virtude da pandemia da Covid-19, tem trazido desafios para o setor, afirmou o presidente da AGCO para América do Sul, Luis Felli.
Em transmissão ao vivo realizada nesta quarta-feira, 18, promovida pela FGV Agro e conduzida pelo ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, Felli disse que os mais de mil decretos estaduais e municipais publicados entre março e abril restringindo a circulação de pessoas e mercadorias geraram uma ruptura no fornecimento de matérias-primas para a indústria de maquinário.
“Hoje falta aço, plástico, borracha, pneu, parafuso. Várias usinas de aço também pararam, e tudo isso criou uma ruptura que ainda está sendo sentida”, disse ele.
Ao mesmo tempo, a grande produção de grãos, os patamares elevados de preços e as menores taxas de juros têm impulsionado a demanda por máquinas no país. Segundo Felli, as vendas de tratores no varejo (das concessionárias para produtores) cresceram 16% entre janeiro e outubro, enquanto os negócios fechados entre fábricas e concessionários (no atacado) não aumentaram. No caso das colheitadeiras de grãos, o volume vendido por revendas a produtores foi 20% superior, enquanto no atacado o crescimento foi bem menor, de 6%.
“Com essa ruptura provocada pela pandemia, estamos produzindo hoje volume não muito diferente do que foi programado há seis meses. Há uma incapacidade da indústria de aumentar sua produção para atender à demanda, mas estamos tentando”, revelou. “Nós (AGCO) estamos com nossa capacidade (produtiva) bastante tomada e temos uma programação forte até o início do ano. Não é um problema só nosso, mas de todo mundo”, continuou.
A demanda por maquinário tem sido puxada principalmente por produtores de grãos, de acordo com Felli, mas usinas de cana-de-açúcar também têm contribuído de forma relevante com as vendas, conforme o executivo.