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Diversos

Mercosul: Há amplo espaço para aprofundar integração regional, diz Bolsonaro

Em reunião de cúpula, presidente brasileiro defendeu modernização do bloco, com atualização da Tarifa Externa Comum como parte central do processo de recuperação econômica

Em reunião virtual da cúpula do Mercosul, o presidente da República, Jair Bolsonaro, afirmou nesta sexta-feira, 26, que o bloco econômico tem “amplo espaço” para ampliar a integração regional e pode aumentar a participação nas relações comerciais e econômicas entre os seus membros. O chefe do Executivo destacou, em pronunciamento, que desde a criação do bloco, há 30 anos, os países-membros consolidaram seus regimes políticos baseados em “eleições diretas e na soberania do povo”.

“É evidente que o bloco ainda precisa recuperar participação relevante nos fluxos comerciais e econômicos entre os Estados-membros. Defendemos a modernização do bloco, com a atualização da Tarifa Externa Comum (TEC) como parte central do processo de recuperação de nosso dinamismo”, afirmou o presidente do Brasil.

Bolsonaro destacou que, em abril, ministros dos países do bloco terão reunião extraordinária em que devem tratar da agenda de negociação externas e da revisão da TEC. “Também consideramos que há amplo espaço para aprofundar a integração regional a partir da redução de barreiras não-tarifárias e da incorporação de setores ainda à margem do comércio intrabloco”, disse.

Perspectivas para o Mercosul

O presidente afirmou que é preciso buscar maior participação do bloco no cenário internacional e “redobrar esforços nas negociações externas” e atrair investimentos externos que gerem emprego e renda. “Desejamos que nossas economias participem cada vez mais das novas cadeias regionais e mundiais de valor, em especial neste momento, quando precisamos superar com urgência os enormes danos causados pela pandemia”, disse.

Bolsonaro também ressaltou o desejo de aprimorar regras do ambiente de negócios do bloco e apoiar empresários. “Precisamos superar as lacunas nos setores automotivo e açucareiro e alinhar as normas vigentes às melhores práticas e padrões internacionais.”

O presidente também pediu o apoio dos demais países para “seguir ampliando a rede de negociações comerciais” fora da região”. “Entendemos que a regra do consenso não pode ser transformada em instrumento de veto ou de freio permanente. O princípio da flexibilidade está inscrito no próprio Tratado de Assunção”, declarou.

Em sua fala, Bolsonaro manifestou solidariedade e pesar às vítimas da pandemia da Covid-19. Segundo ele, a crise sanitária é uma oportunidade de aprendizado. “Estamos reunidos em momento difícil e repleto de desafios, que devemos encarar como uma oportunidade de aprendizado para fortalecer nossa união em torno de princípios elevados, como a liberdade e a democracia”, disse.

Bolsonaro participou do encontro virtual acompanhado dos ministros da Economia, Paulo Guedes, e das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que é pressionado para deixar o cargo. O chanceler faz parte da ala mais ideológica do governo e tem tido sua atuação questionada por membros do parlamento e do próprio governo, em especial os militares.

A videoconferência da cúpula do bloco formado por Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina ocorreu em comemoração aos 30 anos de formação do Mercosul, criado após a assinatura do Tratado de Assunção.

Viagem

No início do mês, Bolsonaro chegou a anunciar que viajaria a Buenos Aires, capital argentina, para participar da reunião do Mercosul e ter um encontro com o presidente argentino, Alberto Fernández. A viagem chegou a ser organizada, mas o presidente desistiu após Fernández ter publicado mensagens de apoio ao ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, depois que o petista teve suas condenações na Lava Jato anuladas em 8 de março.

Em sua página no Twitter, o presidente argentino comemorou a recuperação dos direitos políticos de Lula, que agora está elegível e desponta como principal adversário de Bolsonaro nas eleições de 2022.

“A Justiça foi feita”, escreveu Fernández em 8 de março. As declarações desagradaram Bolsonaro que desistiu da visita ao presidente do país vizinho.

Na fala inicial feita na reunião desta sexta, Fernández citou que gostaria de fazer o encontro da cúpula do bloco presencialmente com os demais presidentes, mas as condições da pandemia da Covid-19 dificultaram isso.



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