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Agricultura

Moagem de cana no Centro-Sul deve ser 4,9% menor na safra 2018/2019

Segundo João Paulo Botelho, analista de mercado da INTL FC Stone, condições atipicamente secas nas lavouras foram as responsáveis pela queda

Foto: Maria Goreti dos Santos/ Embrapa Agroenergia

Com mais da metade da safra sucroalcooleira de 2018/2019 no Centro-Sul concluída, as condições vêm indicando uma moagem cada vez mais enxuta no principal cinturão canavieiro do Brasil. Segundo a revisão de setembro da INTL FCStone, 567,0 milhões de toneladas de cana-de-açúcar devem ser processados, volume 4,9% menor em relação a 2017/2018 e 6,9 milhões de toneladas mais baixo ante à estimativa divulgada pelo grupo em julho.

“Em grande parte dos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais, as chuvas acumuladas nos primeiros meses do inverno não ultrapassaram 50% do volume usual. Em alguns canaviais, o volume precipitado não atingiu 10% da média de longo prazo”, explica João Paulo Botelho, analista de mercado da organização, em torno das condições atipicamente secas nas lavouras do Centro-Sul.

O Índice de Saúde Vegetal (VHI, na sigla em inglês) se manteve abaixo dos patamares registrados em 2017 durante julho e parte do mês subsequente. No entanto, este indicador mostrou recuperação entre o fim de agosto e setembro, como resultado de chuvas que atingiram 56,8 mm e 74,0 mm na média do Centro-Sul.

Ainda assim, os impactos negativos da estiagem sobre o rendimento dos canaviais devem persistir, principalmente, sobre a matéria-prima, que será colhida no final do ciclo. Segundo a visão da INTL FCStone, com a diminuição da produtividade ao longo dos próximos meses, o cinturão canavieiro brasileiro deve acumular uma quebra de 5,4% no rendimento agrícola de 2018/2019, atingindo 71,9 toneladas por hectare.

Quanto à qualidade da matéria-prima, destaca-se que os elevados teores de açúcar alcançados em 2018/2019 fizeram com que a empresa elevasse sua projeção para o Açúcar Total Recuperável (ATR) médio de  daquele ciclo para 139,6 quilos por tonelada, avanço de 0,5 quilo por tonelada sobre a projeção de julho e de 2,2% no comparativo entre as safras. Devido ao menor rendimento agrícola, contudo, a projeção para o ATR total foi revisada para baixo, em 79,1 milhões de toneladas, volume 2,9% menor.

Já a produção de açúcar e de etanol, em relação ao mix açucareiro, foi revisada para baixo em 35,6%, uma retração de 10,8 pontos percentuais no comparativo safra a safra. Com isso, a produção de açúcar no Centro-Sul foi reduzida para 26,9 milhões de toneladas, queda de 25,5%, registrando o menor patamar desde 2009/2010.

A estimativa para a produção de etanol, por outro lado, cresceu 1,8 milhão de m³ em relação à projeção de julho e 17,3% ante a 2017/2018, chegando a 30 milhões de m³. Destaca-se, todavia, que as duas variedades devem seguir tendências opostas.

Considerando que a demanda por hidratado continue favorável por mais algum tempo nos postos, a INTL FCStone espera que sua destilação na safra atual totalize 20,8 milhões de m³, número 36,8% maior. A produção de anidro, no entanto, deve cair para 9,1 milhões de m³, totalizando uma queda de11,4%.

“A decisão em produzir mais etanol tem sido sustentada por uma maior remuneração do biocombustível ante ao seu co-produto, tendência que tem sido observada desde dezembro de 2017”, destaca o analista Botelho. Mesmo com queda nos preços entre maio e agosto, tanto o anidro quanto o hidratado proporcionaram um maior retorno econômico: desde a última estimativa divulgada pela empresa, em julho, o biocombustível remunerou, em média, 8,3% a mais que o adoçante.

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