MST cobra punição imediata de PMs que mataram camponeses no Paraná

Dois integrantes do movimento dos sem-terra foram mortes nesta quinta-feira nas proximidades de um acampamento no município de Quedas de Iguaçu. A entidade e a polícia têm versões diferentes sobre o ocorrido

Fonte: Pixabay / divulgação

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) divulgou nesta sexta-feira, dia 8, nota em que pede a punição imediata dos policiais militares responsáveis pela morte de dois camponenses. Eles foram baleados no município de Quedas do Iguaçu, no oeste do Paraná. Além das mortes, sete pessoas ficaram feridas.

Segundo o movimento, as duas pessoas que morreram são os trabalhadores rurais Vilmar Bordim, de 44 anos, e Leomar Bhorbak, de 25 anos. Bordim era casado e pai de três filhos. A mulher de Bhorbak está grávida de nove meses. Ambos eram do Acampamento Dom Tomás Balduíno, localizado em terreno desapropriado pela Justiça Federal que pertencia à empresa de celulose Araupel.

A nota divulgada pelo MST reforça a versão de que o grupo com mais de 20 integrantes sofreu uma emboscada. O movimento relata que os camponeses circulavam com caminhonetes e motocicletas pelo terreno quando foram surpreendidos por policiais militares e seguranças da Araupel. Os PMs e seguranças teriam disparado contra os veículos onde estavam os integrantes do MST, que tentaram fugir pela mata.

O movimento ressaltou que os dois mortos e os sete feridos foram baleados pelas costas. Segundo o MST, isso comprovaria que eles estavam em fuga, e não em confronto. A nota ainda destaca que os policiais teriam isolado a área por mais de duas horas para remover as evidências do ocorrido, bem como os corpos das vítimas sem a presença do Instituto Médico-Legal (IML).

A nota divulgada na quinta, dia 7, pela Polícia Militar do Paraná relata uma versão diferente da do MST. Segundo a corporação, os policiais estavam em ação de combate a um incêndio quando sofreram uma emboscada organizada por integrantes do movimento. A PM confirmou a morte de dois camponeses e afirmou ter apreendido duas armas de fogo durante o ocorrido.

A assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública do Paraná informou que o secretário Wagner Mesquita deve se pronunciar sobre o assunto em entrevista coletiva nesta tarde. 

Estado de saúde das vítimas

Cinco dos camponeses feridos receberam alta do hospital de Quedas do Iguaçu ainda na noite de quinta. Os outros dois sofreram ferimentos graves e estão internados no município de Cascavel, a cerca de 120 quilômetros dali. Um deles teve fratura no fêmur, e o outro foi baleado na cintura. O estado de saúde de ambos é estável.

A cidade de Quedas do Iguaçu amanheceu com reforço no policiamento. A PM realizou um bloqueio rodoviário para limitar o acesso à região onde fica o acampamento do MST. O movimento negocia com a corporação para que a rodovia seja liberada, de modo a permitir que os parentes das vítimas possam participar dos velórios.

A Polícia Civil fez perícias no acampamento e entrevistou dois integrantes do MST para apurar os fatos.