MST volta a invadir área no Rio Grande do Sul

Cerca de 500 pessoas ligadas ao movimento invadiram o Horto Florestal Carola na madrugada desta segunda, para pressionar pela destinação da área à reforma agrária

Cerca de 500 pessoas ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) invadiram, na madrugada desta segunda, dia 14, o Horto Florestal Carola, da Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica (Ceee), situado no município de Charqueadas, na região Metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. A ocupação tem como objetivo pressionar para o cumprimento de Termo de Compromisso assinado, ainda em 2014, pela Ceee e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

De acordo com o MST, o documento revela o interesse do Incra em comprar o horto, que tem 1.080 hectares, para assentar famílias acampadas no estado. Para isto, a Ceee precisaria retirar a vegetação e tocos de árvores do local, onde também haviam embalagens cheias e com resíduos considerados tóxicos.

O termo registraria ainda o interesse da Ceee em se desfazer da área, uma vez que a companhia não pretenderia mais utilizá-la para a sua atividade-fim, o plantio de árvores para a fabricação de postes. Atualmente, apenas funcionários de uma empresa de segurança estão no local. À época, a empresa e o Instituto tinham 60 dias para o cumprimento do compromisso, contudo, o prazo não foi respeitado, segundo informações divulgadas pelo movimento.

“O governo do estado não criou nenhum assentamento nos últimos anos, sendo que há áreas, como esta, com características para isso. Queremos que o acordo entre a Ceee e o Incra seja cumprido, e que a área seja destinada à reforma agrária para podermos produzir nossos alimentos”, diz o acampado Laerte Lima, que lembra que esta é a terceira vez que o movimento ocupa o imóvel desde 2014.

A maioria dos sem-terra que participa da ocupação é oriunda de acampamentos da região Metropolitana de Porto Alegre. Famílias que estavam acampadas até o final do mês de outubro em outra área da Ceee, em Candiota, também estão na mobilização. Segundo os trabalhadores rurais, a área da companhia na região da Campanha também estava encaminhada para a reforma agrária quando ocorreu o despejo. As famílias estavam acampadas há quase dois anos no local, diz o MST.