A agência de classificação de risco Fitch voltou a rebaixar a nota de crédito do Brasil, desta vez de BB+ para BB. Em dezembro do ano passado, a Fitch reduziu a nota brasileira e o país perdeu o grau de investimento, selo conferido aos países considerados bom pagadores e seguros para investir.
Outras agências fizeram o mesmo. A Standard&Poor’s e a Moody’s rebaixaram a nota em fevereiro deste ano. A Moody’s que, na época era a única que não havia retirado o selo de bom pagador, baixou a nota para grau especulativo. Agora a Fitch informou que o Brasil permanece em perspectiva negativa, o que significa que pode haver nova revisão da nota.
Segundo comunicado da agência, o rebaixamento reflete a contração econômica “mais profunda do que o antecipado”. A Fitch cita o fracasso do governo em estabilizar as perspectivas para as finanças públicas, o continuado impasse legislativo e incerteza política elevada, que estão “minando a confiança doméstica e a governabilidade, bem como a eficácia das políticas”.
Com a nota BB, o Brasil volta ao patamar de classificação de risco que tinha em 2006. A Fitch, em dezembro, previa que o Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e riquezas produzidos em um país) brasileiro teria contração de 2,5% em 2016 e crescimento de 1,2% em 2017. Agora, a agência estima queda de 3,8% este ano e alta de 0,5% no próximo.
A Fitch, no entanto, fez algumas previsões favoráveis. Para a agência, a China, um dos principais parceiros comerciais do Brasil, “vai evitar uma aterrissagem difícil e será capaz de administrar uma desaceleração gradual, oferecendo uma alta limitada dos preços das commodities (bens primários com cotação internacional)”. A nota mencionou ainda a Argentina, principal destino dos produtos industrializados brasileiros. Para a Fitch, a performance econômica do país vizinho tende a melhorar moderadamente.
A agência fez referência também ao processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. “A Fitch acredita que qualquer transição política para um novo governo durante o processo de impeachment será suave e pacífica”, diz o comunicado.
Procurado, o Ministério da Fazenda informou que não comentará a decisão da agência de classificação de risco.