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Nuvem de gafanhotos: ministério treina servidores para combater a praga

Segundo secretário de Agricultura do Rio Grande do Sul, os insetos não devem chegar ao território brasileiro, mas a medida foi tomada como precaução

nuvem de gafanhotos
Nuvem de gafanhotos ainda está na Argentina. Foto: Governo da província de Córdoba

Cerca de 100 técnicos e servidores do Ministério da Agricultura, Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) do Rio Grande do Sul e Emater do estado receberam nesta quarta-feira, 1º, um treinamento para prevenir e controlar o gafanhoto Schistocerca cancellata, também chamado de espanhol, esperanza e langosta voladora.

“Mesmo com chances remotas da nuvem de gafanhotos chegar ao território gaúcho, estamos fazendo a nossa parte para preparar o estado para o enfrentamento. Esperamos que não seja necessário, mas se vierem, estaremos prontos para agir”, afirmou o secretário de Agricultura, Covatti Filho.

Os palestrantes do curso foram os entomologistas e professores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Clerison Perini, que falou sobre espécie e fisiologia da migração do gafanhoto, e Jerson Guedes, que discorreu sobre monitoramento, controle e risco. O entomologista e pesquisador da Embrapa Clima Temperado, Dori Nava, também participou, com o tema biologia, hospedeiros e ecologia.

“O treinamento foi muito importante para aprimorar o conhecimento da espécie e possibilitar nivelamento do conhecimento entre os técnicos que estão trabalhando diretamente com essa questão. Inclusive para definir as estratégias de manejo”, afirma Ricardo Felicetti, chefe da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal da Seapdr.

Características do gafanhoto

Estes gafanhotos são polífagos e se alimentam de uma grande variedade de plantas nativas e cultivadas. É uma das poucas espécies de Schistocerca que, verdadeiramente, formam densas “nuvens” migratórias. As asas são rendadas e a coloração geral envolve diversos tons de marrom.

De acordo com o “Manual de Procedimentos gerais para o controle da praga Schistocerca Cancellata” publicado pelo Ministério da Agricultura em junho deste ano, o monitoramento dos gafanhotos jovens (ninfas) deve ser feito no solo, já que eles não conseguem voar, realizando aplicações com inseticidas em faixas. Já os adultos podem ser tratados por via aérea ou por terra com o uso de atomizadores do tipo canhão. É recomendando a aplicação com a nuvem de gafanhotos espacialmente localizada.

Estado de emergência

Rio Grande do Sul e Santa Catarina estão em estado de emergência fitossanitária desde 25 de junho por determinação do governo federal. A medida é preventiva e deve durar um ano.

O alerta foi dado pelo governo argentino no final de junho, ao acompanhar o deslocamento de uma nuvem de gafanhotos em direção ao sul do Brasil. Pelo monitoramento dos últimos dias, a nuvem permanece com baixa mobilidade, localizando-se na província argentina de Corrientes. Mas de acordo com Felicetti, a secretaria segue em alerta monitorando a situação.