A cada dia que passa surgem novos modelos de negócios sustentáveis dentro da agropecuária brasileira, o que mostra que o setor vem somando alta produtividade e respeito ao meio ambiente. E em meio a iniciativas para reduzir o impacto das mudanças climáticas e descabonizar a economia, a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), em parceria com a B3 (Bolsa do Brasil), realiza no dia 2 de agosto o vigésimo Congresso de do Agronegócio.
Quem conversa com a gente sobre os temas que serão discutidos no evento é o presidente do conselho-diretor da Abag, Marcello Brito.
“No mercado de carbono, o Brasil ainda é muito incipiente e tem pouca coisa acontecendo. Em termos globais, é um mercado que movimentou, em 2019, US$ 220 bilhões. Em 2020, movimentou em torno de US$ 280 bilhões. A expectativa para esse ano é algo em torno de US$ 380 bilhões. Ou seja, é um mercado em franco crescimento, no qual o Brasil tem muito potencial para se enquadrar”, declara ele.
“A gente precisa entender que carbono não é um negócio simples, que fica à venda na prateleira do supermercado. Você tem todo um histórico de medição, verificação e report. Você tem que estar enquadrado dentro de uma plataforma ESG, vamos dizer assim. Você precisa ter um histórico de medições e participações no mercado que são integradas. O mercado de carbono começa na propriedade do fazendeiro, no solo, nas florestas e termina nas ferramentas financeiras que envolvem esse processo e limpam o mundo inteiro com ele. As bolsas estão muito inseridas nisso aí. Ou seja, é um mercado horizontal, onde todos os players do agronegócio têm sua participação especial”, acrescenta.
O especialista também disse estar otimista com a realização da Cúpula do Clima (COP26) em Glasgow, na Escócia, em novembro.
“A Europa e a China já apresentaram, nesta semana, seus planos de metas. Os Estados Unidos ainda não inteiramente — alguns estados, sim. Aos poucos, deixa de ser algo regional e vai se tornando mundial. A expectativa é que os 193 países que estarão presentes possam finalmente chegar num acordo de como podemos fazer a internacionalização desse mercado, para que todos os países tenham oportunidades de ganho, e não só os países desenvolvidos, que têm estrutura. Esperamos que o Brasil tenha uma participação de protragonista e trabalhe junto com as principais economias do mundo”, diz Brito.
“A gente precisa regular esse mercado internamente. Já existem projetos na Câmara e no Senado em relação a isso. Agora, o produtor vai ser o grande ganhador desse processo. O produtor agrícola, o conservador de florestas, o empresário agroambiental. Essa fusão de produtor com preservador ambiental no Brasil pode trazer grandes mudanças. Agora, nós precisamos entender que isso se encaixa dentro de umaestrutura ESG, então a gente precisa dar um compliance, uma governaça natural aos processos. Não existe mercado de carbono com desmatamento ilegal, grilagem, queimadas ilegais, ou seja, o compliance da atividade ambiental e social brasileira tem que subir vários degraus para que a gente possa dar a transparência e a confiança necessárias para se integrar nesse mercado”, conclui o representante da Abag.