O setor agropecuário quer um ministro da Agricultura com perfil técnico e que continue o processo de desburocratização. As entidades ligadas à agropecuária também citam a necessidade de diálogo do novo chefe da pasta com a base e o Congresso nacional, além de uma atenção especial para a abertura de mercados internacionais.
Confira o que esperam as lideranças de entidades do setor.
Bartolomeu Braz, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil)
“Nós acreditamos e necessitamos de um ministro da Agricultura que conheça a realidade do Brasil, que conheça os potenciais do país que faça principalmente a desburocratização desse setor. Mas também queremos um ministro que entenda os mercados internacionais, pois temos uma grande produção, e precisamos de mercado internacional”.
Eduardo Leão, diretor-executivo da União a Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica)
“(Queremos) Alguém que entenda do setor, que entenda os problemas da agricultura, que tem várias especificidades, (um setor) bastante complexo pelo número de temas que aborda. Deveria ser alguém com conhecimento e alguma experiência na atividade, mas que também tenha um bom trânsito, seja no Executivo, seja no Legislativo”.
Leão se preocupa com a possível fusão dos caso Jair Bolsonaro seja eleito presidente da República. “É algo realmente complexo, porque há alguma temas que têm sobreposição. Acho que são complementares em muitos dos casos, mas a agenda do Meio Ambiente é muito mais ampla do que a Agricultura. Nós vemos com algum grau de complexidade essa ideia”.
Sobre um eventual governo de Fernando Haddad: “Acho que causa preocupação ainda maior, de como vai ser a postura de um governo que tem pensado mais na área social, na agricultura familiar, como irá se voltar para dentro do agronegócio. Da mesma forma, precisa ser analisado e ter discussão. Acho que, a partir do momento que tem um novo chefe do Executivo, é um momento de diálogo, de apresentar as demandas e discutir o que esse novo presidente espera dos setores da economia e do agronegócio, um dos mais importantes”.
Especificamente para o setor de cana-de-açúcar, Eduardo Leão espera que o próximo ministro ajude na regulamentação da Política Nacional de Biocombustíveis (Renova Bio) e no combate a barreiras comerciais, como as da China Tailândia e Índia. “O açúcar hoje é seguramente o produto mais protegido no mundo. O Brasil representa mais de 40% das exportações mundiais de açúcar, mas se depara com um mercado extremamente fechado e com fortes subsídios, incentivos artificiais à produção. Isso faz com que a gente tenha dificuldades de acesso a muitos países e que a gente possa competir com outros países que estão produzindo de maneira artificial. É muito importante que o próximo governo continue com essa postura agressiva no mercado externo, de forma que nós deixemos de ser tão penalizados como vínhamos sendo até agora.”
Leonardo Machado, secretário executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Sementes de Soja (Abrass)
“A gente necessita que a estrutura (da Embrapa) seja aprimorada, seja mais robusta, para que eles consigam fazer um trabalho mais eficiente na questão da regulamentação e fiscalização da produção, comércio e uso de sementes. A principal pauta é essa Que ele trabalhe e tenha visão melhor desse setor dentro do Ministério da Agricultura”.
Sobre a proposta de Jair Bolsonaro de unificar os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente: “A gente precisa saber realmente qual é a proposta. Quando se pensa em enxugar a máquina pública para economizar recursos federais, é louvável a proposta. Porém, tecnicamente precisa ser analisada, entender o que se quer, o que se busca, como vai funcionar. (Saber) Se o Ministério do Meio Ambiente vai ser uma secretaria à parte no Ministério da Agricultura, ou se as secretarias desse ministério vão para dentro do Mapa. Então a gente precisa analisar e entender tecnicamente. Vai ser uma discussão interessante com a posse do novo presidente.”