Cerca de duas mil pessoas ocupam, desde o início da manhã desta segunda, dia 5, o Ministério do Planejamento, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília (DF). A ação faz parte da Jornada de Lutas Unitária dos Trabalhadores e Trabalhadoras e Povos do Campo, das Águas e das Florestas, organizada por movimentos sociais e sindicais, que acontece em todos os estados do país, com grande concentração em Brasília, entre os dias 5 a 7 de setembro.
A questão agrária é a pauta principal da jornada, com a reivindicação de assentamento imediato das mais de 120 mil famílias acampadas em todo o país. A revogação da lei que permite a venda indiscriminada de terras para estrangeiros é outra pauta de protesto. Os movimentos não aceitam a revogação desta lei.
O grupo também reivindica a defesa da produção de alimentos saudáveis e de políticas de transição para a agroeocologia. Outro ponto é relacionado ao desenvolvimento e infraestrutura no campo, como o fortalecimento de programas estruturantes, assistência técnica e demais programas que garantam a produção da agricultura familiar e camponesa.
A reforma da Previdência é contestada pelo movimento, que também reclama de “criminalização dos movimentos sociais”. Será debatida ainda, a defesa da demarcação de terras indígenas e quilombolas e do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). As organizações exigem a restituição do Ministério.
Segundo a assessoria do Ministério do Planejamento, os servidores não conseguiram entrar para trabalhar nesta manhã. A direção do Ministério tomou a iniciativa de procurar as lideranças dos movimentos, mas até então eles não apresentaram uma pauta completa para que aconteça uma reunião. O Ministério do Planejamento aguarda. Enquanto isso, os trabalhadores do campo permanecem no prédio.
Protesto MST
Em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, cerca de mil integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam na manhã desta segunda, o pátio do Ministério da Fazenda e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O grupo afirma que não tem previsão de deixar o local.
Segundo o movimento, as atividades e ações acontecem em todos os estados do Brasil em resistência ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, que levou Michel Temer à Presidência da República. Os agricultores também reivindicam a retomada da reforma agrária. Com o objetivo de chamar a atenção das autoridades, o grupo impede a entrada de servidores públicos aos prédios.
De acordo com a assessoria de imprensa do MST, o grupo reivindica o assentamento de 2,3 mil famílias acampadas no estado do Rio Grande do Sul. A categoria também exige a suspensão da decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) de penalizar mais de 578 mil assentados no país por considerá-los irregulares.
Entre as reivindicações do MST, o grupo é contrário à reforma da Previdência rural, que prevê a idade mínima de 65 anos para a aposentadoria de homens e mulheres. A reportagem tentou, durante a manhã, contato com o Incra, que não atendeu ao chamados.