Nomes de políticos ligados ao agronegócio aparecem em documentos da empreiteira Odebrecht apreendidos pela Polícia Federal. Entre os papéis, há listas com mais de 200 pessoas que podem ter recebido propina. O material mostra também os valores que teriam sido pagos.
Entre os nomes que aparecem nas listagens, estão os seguintes políticos ligados ao agronegócio:
– Duarte Nogueira (ex-deputado)
– Patrus Ananias (ministro do Desenvolvimento Agrário)
– Ana Amélia Lemos (senadora PP-RS)
– Afonso Hamm (deputado federal PP-RS)
– Heitor Schuch (deputado federal PSB-RS, aparece como Heitor Schulk)
– Silas Brasileiro (deputado federal PMDB-MG, presidente do CNC)
De acordo com o comentarista político Fernando Rodrigues, parte do dinheiro teria sido doada legalmente e outra corresponderia ao pagamento de propinas.
Os documentos da Odebrecht foram apreendidos na fase Acarajé da Operação Lava Jato, e divulgados nesta terça, dia 22, pela Polícia Federal.
Outro lado
Através do Facebook, o ministro Patrus Ananias afirmou que as doações à campanha de 2012 “foram recebidas das instâncias partidárias; e que todas as contas foram aprovadas pela Justiça Eleitoral”. Ele também escreveu em seu perfil na rede social que reafirma sua posição contra o financiamento empresarial de campanhas eleitorais.
O deputado Heitor Schuch divulgou nota afirmando que recebeu recursos do Partido Socialista Brasileiro (PSB) Nacional, cujo doador originário teria sido a Cetrel Lumina Tecnologia e Engenharia Ambiental, empresa ligada ao grupo Odebrecht. “Esta doação está devidamente declarada em nossa prestação de contas de campanha”.
O deputado federal Afonso Hamm, por meio desta nota, informou que todas as doações recebidas para sua campanha eleitoral foram aprovadas pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e registradas na Justiça Eleitoral.
Hamm afirma que recebeu doação oficial da empresa gaúcha Braskem, cuja principal acionista é a Odebrecht, “e que essa e as demais contribuições percebidas estão disponíveis para consulta no site do TRE”.
Por meio de nota, o deputado Silas Brasileiro afirmou que o pagamento de R$ 40 mil, em setembro de 2010, foi uma doação de campanha licita, aprovada e registrada no Tribunal Superior Eleitoral.
A senadora Ana Amélia informou que as doações da empresa Braskem foram feitas para o diretório nacional do Partido Progressista e, depois, repassadas para conta de sua campanha em 2010. Segundo ela, a transação foi registrada e aprovada pelo Tribunal Regional Eleitoral.
Segredo de Justiça
Nesta quarta, dia 23, após a divulgação do material, o juiz federal Sérgio Moro decidiu colocar a lista de pagamentos em segredo de Justiça.
“Prematura conclusão quanto à natureza desses pagamentos. Não se trata de apreensão no Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht e o referido Grupo Odebrecht realizou, notoriamente, diversas doações eleitorais registradas nos últimos anos”, argumenta o juiz.
Moro decidiu colocar em sigilo a planilha, apreendida na residência de Benedicto Barbosa da Silva Júnior, executivo da empreiteira, por citar políticos que tem foro por prerrogativa de função e só podem ser processados pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
“De todo modo, considerando o ocorrido, restabeleço sigilo neste feito e determino a intimação do MPF para se manifestar, com urgência, quanto à eventual remessa ao Egrégio Supremo Tribunal Federal para continuidade da apuração em relação às autoridades com foro privilegiado”, decidiu Moro.
Outra pessoa
A lista apreendida trazia també o nome Caiadinho. Para evitar qualquer ligação com esse apelido, o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) afirmou em sua conta na rede social Facebook que trata-se de um vereador do Rio de Janeiro.
“Sobre uma lista que foi apreendida em uma operação na Odebrecht e acaba de ser divulgada com o nome de 200 políticos: não estou citado. O ‘Caiadinho’ aparece na coluna da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, onde existe um político com o mesmo sobrenome. Portanto, divulguem a verdade”, publicou Caiado.