Sabe aquelas dicas técnicas dadas por pesquisadores, mas que na prática parecem não se encaixar com na realidade de uma região? Pois na região oeste da Bahia a dica essencial é sobre a cobertura do solo com palhada, mas que muitas vezes é sacrificada devido a curta janela deixada pela sucessão soja/milho. Com isso, dois problemas são recorrentes por lá: a falta de água no solo para a soja e o surgimento de nematoides.
Todos os produtores sabem que a lavoura de soja rende mais com uma boa palhada. Mesmo assim, a cobertura no oeste da Bahia não é algo fácil de encontrar. Muitos produtores culpam a curta janela entre a soja e o milho segunda safra. Não à toa o pesquisador da Fundação Bahia, Alex Rebequi vem estudando há seis anos qual a melhor maneira de aliar clima, solo e palhada à rotação de culturas.
“O produtor precisa fazer uma rotação com milho e braquiária, para somente então entrar com a soja por cima. Após colher a soja ele entraria com alguma planta de cobertura, né? Temos definido espécies de coberturas e estágios vegetativos mais adequados para que essa palhada consiga se manter no sistema”, conta Rebequi.
A palhada diminui a evaporação e com isso mantém água no solo. ideal para os períodos em que a chuva não dá as caras, muito comum na região. O pesquisador explica que leva de dois a três anos para a palhada começar a dar resultado. Mas quando ela vem, compensa o esforço.
“Mesmo se ocorrer um período de déficit hídrico, ao longo de 20 a 30 dias, dependendo da intensidade que isso ocorrer, a palhada pode garantir ganhos de 10 a 15 sacas a mais em relação a uma área que não faz uso desta técnica”, diz.
A palhada não salva a plantação das estiagens, mas ajuda a controlar um problema persistente no oeste baiano, queixa de muitos produtores: os nematoides, já que ela libera material orgânico no solo que serve para combater a doença.
Na região é comum que o produtor escolha variedades de soja resistentes aos nematoides, devido seu alto poder destrutivo. O pesquisador da Embrapa Fabiano José Perina mapeou 250 mil hectares de plantações do estado. Em 87% os nematoides estavam presentes.
“Não é só a ocorrência do nematoide que assusta, mas a densidade populacional e o dano que ele está causando. O nematoide que mais causa dano na região é o das galhas”, confirma.
Uma raiz atacada pelo nematoide das galhas, pode gerar uma produtividade 20% menor na planta. A dica que o pesquisador dá é de primeiro saber qual tipo está presente no solo, para só depois começar a combater.
“A gente costuma falar que é um problema grande em uma área pequena. Mas se não quantificar esse nematoide, não saberá controlar adequadamente. É preciso quantificar e saber corretamente qual a espécie de nematoide está ocorrendo, para usar as metodologias de controle certas, conforme a densidade populacional”, conta Perina.
Assista abaixo: