– Não vamos enrolar porque os números mostram. Não vamos dizer que tem dinheiro pra financiar tudo que quiserem, porque não tem. Houve desgaste na poupança e queda nos depósitos à vista – afirmou Dias durante debate na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado. Poupança e depósito à vista estabelecem os recursos para o crédito rural.
Diante desse cenário, a instituição juntou os R$ 4 bilhões de recursos controlados disponíveis – que teriam taxas de juros entre 5,5% e 6,5% – com outros R$ 3 bilhões de taxa livre, obtidos através de outras fontes como a LCA (Letra de Crédito do Agronegócio). Nesse mix, as operações são feitas com taxa de juros entre 9,5% e 10,5%, dependendo do risco do produtor.
– Não gostaria de estar praticando essa taxa, mas achamos que é melhor aumentar os juros e atender todos que precisam. Só R$ 4 bilhões a gente atenderia a 6,5%, mas não atenderia a todos os agricultores que precisam – explica Dias.
Osmar Dias defendeu, também, que o volume de recursos para o Plano Safra seja o mesmo do atual plano (R$ 156 bilhões) com correção da inflação e que as taxas de juros não passem de 8,5%. A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, já deu a entender que os recursos devem ser os mesmos e já garantiu que os juros subirão de acordo com a taxa básica de juros (Selic), podendo ter alta de até 3%.
– O Banco já adotou medidas para estimular a poupança. Acredito que quando o Plano Safra for anunciado, estaremos em outro cenário de poupança e depósito à vista – concluiu.
Pronaf
Durante o debate na comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado, o vice-presidente de Agronegócios do Banco do Brasil disse que oito funcionários já foram afastados por envolvimento no desvio de recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) no Rio Grande do Sul.
Osmar Dias afirmou que cerca de 50 estão envolvidos. Até agora, a sindicância interna analisou 4.226 operações de crédito envolvendo 1.493 produtores e em 218 houve comprovação de irregularidade.
A Polícia Federal investiga a denúncia, divulgada em outubro do ano passado, de que servidores do Banco do Brasil e da Associação Santacruzense dos Agricultores e Camponeses (Aspac) teriam desviado R$ 88,20 milhões em cerca de 6,3 mil de contratos, a maioria de agricultores de Santa Cruz do Sul e Sinimbu. De acordo com Dias, esse valor é o total dos contratos realizados através da Aspac e não o que realmente foi desviado, o que só será conhecido após o fim da sindicância, prometido até o dia 31 de maio.
Entre as irregularidades estão fraude na Declaração de Aptidão (DAP), desvio de finalidade dos recursos, dossiês de operações não localizadas e liberação de recursos para terceiros sem autorização do contratante.